sábado, 29 de junho de 2024

Papel Queimado

"Poesias e Devaneios", Nº 114

Errado foi eu sequer ter lido
Quiçá escrito uma idiotice
Você nunca aqui esteve
Eu também nunca

Nem mesmo estive
Nem mesmo pensei
Sua mente
Como viajou assim como

A minha depois
Tão confusa tal qual tormenta
Me preocupei
Abusei e negligenciei

Você existiu
Como texto e fotografia
E fotogramas idiotas
Como algo idiota

Como tudo
Como foi
Um pequeno sorriso no fim
E um pequeno cigarro no final

A gente consome as cinzas da vida
E da vontade
O pequeno pedaço de papel virou cinza
Junto com o cigarro

Errado foi eu sequer ter lido!



451 graus Farenheit, ou 233 graus Celsius,
é a temperatura de combustão do papel comum.


segunda-feira, 24 de junho de 2024

Palavra Proibida

"Poesias e Devaneios", Nº 113

A palavra doce, envolvente,
Promessa que o coração inspira.
Mas muitas vezes, de repente,
Mostra-se apenas uma mentira.

No olhar que antes brilhava,
A ilusão se desfaz, é insano.
O que era antes, se apagava,
Deixando a dor do engano.

Beijos e abraços, quimeras,
Promessas ao vento, desencanto.
No fundo, são falsas esperas,
Isso tudo transformado, profano canto.

Espíritos que se entregam, iludidos,
Em busca de eterna alegria.
Mas se encontram desprotegidos,
Quando o ar, triste melodia.

Mas mesmo na dor que persiste,
A esperança nunca esmorece
Pois o verdadeiro disso existe,
Além da sombra nada floresce!

A palavra doce, envolvente,
Promessa que o coração inspira...





"O quão imensurável é a soma de suas palavras vis e mentirosas?
O quão imensurável é tua fome de combalir um espírito puro?"

 

quinta-feira, 20 de junho de 2024

Redenção

"Poesias e Devaneios", Nº 112

Espero a redenção, mas que não virá,
Não desta vez, destino já diz.
De mim, dentro, surgirá,
E buscarei, em silêncio, em busca feliz.

As sombras da espera não mais serão,
Luz interior guiará no cais.
Que antes era dado, agora é missão,
Redenção de dentro, enfim minha paz.

Caminho ermo, mas sem temor,
Pois sei que dentro, habita a verdade.
Sem custo não virá, e sem favor,
Só em mim encontro, a real liberdade.

Cada passo dado é uma conquista,
Cada erro, uma lição.
A redenção, persista,
No próprio ser a visão

Então, sigo horizonte,
Em busca da paz, prometi.
Redenção é chama, fonte,
E nela, finalmente, me redimi.

Espero a redenção, mas que não virá!


"Talvez a redenção tenha histórias pra contar. Talvez o perdão está onde você caiu.
 Pra onde você pode escapar de si mesmo?"

terça-feira, 18 de junho de 2024

Crônicas de laços desfeitos e refeitos

"Curtas", Nº 49

Se eu ousasse redigir um volume sobre minha existência, ele careceria de encanto. Pois nele não poderia narrar o que realmente se passava em minha vida. Contudo, seria imperdoável omitir certas extravagâncias vividas unicamente ao teu lado.

Ah, aquelas noites tumultuadas, nas quais eu, em arroubos de audácia, saltava pela janela, enquanto você aguardava minha chegada com ardente expectativa. Ao adentrar, teus braços me envolviam, teus lábios me beijavam. Assim se iniciavam nossas noites, repletas de paixão.

Que tempos memoráveis foram aqueles! Porém, lamentavelmente, tiveram um desfecho. Um término que se deu apenas superficialmente, pois o que verdadeiramente importa está perpetuado na memória e em nossos corações. As alegrias experimentadas, as loucuras cometidas com tão profundo amor.

Na verdade, não se findou, pois aquele nosso amor, tão maravilhoso enquanto perdurou, foi eternizado.

Por: J.R.Santana




"Turbulentas noites turbulentas eternizaram memórias indeléveis."

sexta-feira, 7 de junho de 2024

Amor Farisaico

"Poesias e Devaneios", Nº 111

Olhos, falso ouro reluz,
Mas coração, em sombras seduz.
Promessas doces, mel envenenado,
Amor farisaico, teatro ensaiado.

Sorriso plástico, palavras vazias,
Um abraço, uma teia
No palco da vida, atriz disfarçada,
Mentiras vestidas de brisa dourada.

Beijo gelado, carícias de gelo
Num mundo de farsa, mora o desvelo.
Olhar que mente, o toque que trai,
No véu do engano, verdade se vai.

Amor farisaico, um laço apertado,
Corrente invisível, um elo quebrado.
Coração que derrete, alma em rancor,
Teatro do amor, falso sem pudor.

Mas a luz do dia, tudo revela,
Máscara cai, verdade apela.
Momento se foi, na mentira se perde,
E a alma, cansada, em silêncio, se ergue.

Ergue-se firme, busca o real,
Além da ilusão, ardor infernal.
Esperança vã, asco verdadeiro,
Que floresça puro, além do nevoeiro.

Olhos, falso ouro reluz,
Mas coração, em sombras seduz.
Promessas doces, mel envenenado,
Amor farisaico, teatro ensaiado.

"Amor farisaico, promessas venenosas;
mentiras desveladas, corações dilacerados"