quinta-feira, 26 de setembro de 2024

Ode ao Tempo

Série "Poesias e Devaneios", Nº 126

Era uma vez o Tempo, 
Que passava lento, sem lamento. 
Eu não via o movimento, 
Deixei escapar o momento.  

Tentei, foi pouco, eu sei,
Tentou mais, tentou, observei.
O tempo não vê, o tempo correr,
E quando se vê, já foi, sem poder.  

Perdi tanto, sem perceber,
Querendo agora refazer.
Não adianta tentar mais,
Tempo não volta, nem por sinais. 

Querer nulo, só que é tarde,
E o que foi, não se retarde.
Tentar voltar, e não querer,
Nada adianta, só o viver.

Só agora, resta a lição,
De não perder, o tempo em vão.
Porque o tempo, o que já foi,
É passado, que já se foi.

Era uma vez o Tempo, 
Que passava lento, sem lamento. 
Eu não via o movimento, 
Deixei escapar o momento.  


"Sobre tua beleza então questiono
Que há de sofrer do Tempo a dura prova,
Pois as graças do mundo em abandono
Morrem ao ver nascendo a graça nova."



quarta-feira, 25 de setembro de 2024

Madrugada no meu olhar

Série "Poesias e Devaneios", Nº 125

Madrugada no meu olhar,
A chuva insiste em derramar.
O vento bate no portão,
Frio invade o coração.

Fecho os olhos, vou dormir,
Com você começo a mentir,
Dez minutos sem ter,
Parece um ano sem você.

Meu corpo pede o teu calor,
Quer ficar junto, dar amor.
Como a lua e o sol no céu,
Sob o lençol, num doce véu.

Desejos explodem em mim,
Seu beijo ainda está assim,
Queimando como um vulcão,
Roubando a paz do coração.

Não dá mais pra suportar,
Essa saudade a me matar.
Leve embora a dor enfim,
Eu continuo a te amar assim. 

Madrugada no meu olhar,
A chuva insiste em derramar.
O vento bate no portão,

Frio invade o coração.



Não dá mais pra ficar assim
Desejos explodindo em mim
Na boca o gosto do seu beijo
Ainda está me queimando


terça-feira, 17 de setembro de 2024

O Ovo da Serpente

Série "Poesias e Devaneios", Nº 124

Sucedeu, não esperava
Tantos meses, imaginava?
O ovo da serpente, enfim eclodiu
E algo aqui, pra sempre partiu.

Jamais de você, isso esperei
Tantas promessas, jamais encontrei
Nunca sabemos, o destino trair
Cair na armadilha sem resistir.

Veneno foi rápido, logo agiu
O ovo da serpente, silencioso, eclodiu
Dentro da alma, deixou cicatriz
Que fomos um dia, já não condiz

No olhar, escondido, mentiras, eu sei
Caí efusivo, ébrio fiquei
Agora silêncio, tudo restou
Que um dia pensei, pouco durou

Sucedeu, não esperava
Tantos meses, imaginava?
O ovo da serpente, enfim eclodiu
E algo aqui, pra sempre partiu.




O ovo da serpente eclodiu, revelando mentiras 
profundas e inesperadas.

segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Sempre, e Sempre Nunca

Série "Poesias e Devaneios", Nº 123

Escritas na parede estão 
Não posso mudá-las, desmanchar
Mas estarei ao seu lado então
Quando a chuva, desabar

Quando a tempestade te cercar
Vou te manter sempre seguro
Não deixe sua fé se apagar
Estarei aqui, duradouro e puro.

Fé, que eu vou ficar
Sempre estarei por perto
Saiba que eu vim pra mudar
Nunca deixarei seu deserto.

Encarar o mundo lá fora
Sair da sombra, sentir o calor
Onde quer que  agora mora
Te encontrar e ser teu amor.

Iluminar seu caminho, enfim
Qual for o peso que te faz cair
Nunca desistir, de você assim
Então, sua fé, não partir.

Nos meus olhos, veja a verdade
Profundezas do ser, querer 
Sei que falhei, fui tempestade
Mas jamais vou te deixar esquecer. 

Escritas na parede estão 
Não posso mudá-las, desmanchar
Mas estarei ao seu lado então
Quando a chuva, desabar


"Escritas na parede estão 
Não posso mudá-las, desmanchar"


sábado, 14 de setembro de 2024

Tempo

Série "Curtas", Nº 50

"Sempre ouço a sua voz quando fecho os olhos e escuto uma música que me lembra a gente. Parece que você ainda está aqui, como se pudesse falar comigo através das notas. Sinto suas mãos toda vez que o vento toca meu rosto, é uma sensação tão familiar, como se o toque suave que você sempre teve ainda estivesse comigo, mesmo de longe.

Seu perfume ainda está impregnado em mim de uma forma inexplicável. Às vezes, sem nenhum motivo, sinto o cheiro e, na mesma hora, me pego suspirando, lembrando de cada momento que passamos juntos. E aquele seu sorriso... Ah, o sorriso largo e sincero foi o que me conquistou de vez. Não consegui resistir. O brilho nos seus olhos quando você sorria era o que iluminava os meus dias.

Agora, eu já não consigo mais esconder o que sinto. Esse amor que começou de mansinho foi crescendo até tomar conta de tudo. Ele fez morada em mim, e por mais que eu tente disfarçar, está claro que não dá mais. Está em cada gesto, cada pensamento.

E a saudade? Eu sinto tanto a sua falta. Mesmo com o tempo passando, a saudade não diminui. Pelo contrário, parece que cada dia que passa ela só aumenta, como se cada lembrança fosse mais viva, mais presente."

Por: J.R.Santana


"Como se cada lembrança fosse mais viva, mais presente."



sábado, 7 de setembro de 2024

Carta: "Deus ex machina"

Série "Cartas Perdidas", Nº 42


Sao Paulo, 07 de Setembro de 1994

"Ontem, quando conversamos, eu te disse algo que venho sentindo há algum tempo: eu não espero mais por um deus ex machina. Não espero mais por aquele milagre que surge do nada, resolvendo tudo de repente. Não agora, não mais. Já vivi esse tipo de coisa antes, e foi bom, muito bom. Era como se tudo se alinhasse, como se o universo conspirasse a meu favor. Mas, hoje, não espero mais por isso.

Houve épocas em que me deparei com pessoas que, de alguma maneira, me salvaram. Chegaram em momentos críticos, me tiraram de abismos emocionais ou me deram forças quando eu já não tinha mais nenhuma. Foram relacionamentos intensos, cheios de paixão e de uma espécie de urgência, como se fossem a última chance de encontrar sentido em tudo. E, naquele momento, fizeram sentido. Foi profundo, arrebatador. Eu me joguei de cabeça, e vivi tudo o que havia para viver.

Mas agora, algo mudou. Meu tempo para esperar que alguém me salve acabou. Não que eu tenha perdido a fé em encontros transformadores ou que tenha me fechado para novas experiências. Não é isso. Mas, hoje, eu entendo que a vida não é sobre ser resgatado por outra pessoa. Não é mais sobre depender de um "salvador" que vai chegar e mudar tudo de repente. Cheguei num ponto em que percebo que a solução não está fora de mim.

Eu olho para trás e vejo que, muitas vezes, eu esperei que outros me tirassem do caos interno. Coloquei expectativas em amores e pessoas, esperando que elas fossem a resposta para o vazio que sentia. E, por um tempo, isso funcionou. Mas com o tempo, percebi que não é justo, nem comigo, nem com o outro. A verdadeira transformação não acontece quando alguém entra na nossa vida para nos salvar. Ela acontece quando decidimos nos salvar.

Sigo em frente, sem esperar que algo ou alguém me tire de onde estou. Porque, no fundo, não é sobre ser salvo. É sobre caminhar, sentir o chão firme, encontrar sentido na jornada, mesmo sem as grandes reviravoltas que costumavam me mover.

Espero que isso faça sentido para você. Porque, para mim, faz!

Com carinho!"


Não é mais sobre esperar o inesperado ou ansiar por uma solução mágica. 
É sobre caminhar com as próprias pernas, sentir o peso do chão



sexta-feira, 6 de setembro de 2024

Saudade virá, eu sei que sim

Série "Poesias e Devaneios", Nº 122

Saudade virá, eu sei que sim, 
Mas hoje não, ainda não chegou.
Vento no rosto, sopra, assim.
E o tempo, por ora, nem me tocou.

Ela virá, mas por enquanto, espero, 
Sem pressa, sem dor rodear. 
Cedo demais, e eu, sincero, 
Nem ao menos tentei, me preocupar.

Não ainda liguei, memórias distantes, 
Nem para os dias que já se foram. 
Hoje só os momentos, que são errantes, 
E não há, ainda espaços que choram.

Sei que a saudade virá, impiedosa, 
Trazendo consigo o peso do tempo. 
Mas por ora, a vida é leve e fogosa, 
E a ausência não rouba meu alento.

Então deixo que o tempo corra por mim,
A saudade virá, mas não cedo assim.
Hoje sou leve, sem pensar no fim,
E o coração, por ora, nem sempre diz "sim".


"Quem olha para o vento nunca semeará, 
e quem olha para as nuvens nunca colherá"