sexta-feira, 29 de novembro de 2024

Soneto da Decepção

Série "Poesias e Devaneios", Nº 133

Entre papéis desgastados, despejo minhas angústias,
porque o papel é o receptáculo das dores e aceita tudo.
Fizeste o que consideraste justo,
e na tua alma, encontraste um alívio que te bastasse.
Aquele amor que eu dizia ser tão imenso
não era uma invenção, mas um pulsar constante.
Vivia em mim com a força de um sonho,
presente em cada noite, em cada silêncio.
Mas agora, pergunto-me com insistência:
quem realmente habitava esses sonhos?
Tu deixaste de existir naquele instante exato,
quando teus olhos se cruzaram!
Com outra presença ao meu lado.
A mulher que eu conhecia evaporou-se no ar,
desfez-se como névoa ao toque da realidade.
O que restou foi negação, incessante e firme,
e a certeza de que nunca voltaríamos a ser os mesmos.
Na dor desse reconhecimento, algo novo nasce,
uma nova identidade moldada por cicatrizes.
Compreendi, afinal, que amava apenas uma sombra,
mas nessa sombra, descobri a essência do perdão.
Agradeço-te e a Deus por não me ter dado outra chance,
pois amaríamos fantasmas, tu e eu,
presos em uma memória de algo que já não existe!


Com outra presença ao meu lado.
A mulher que eu conhecia evaporou-se no ar,
desfez-se como névoa ao toque da realidade.



  

quarta-feira, 27 de novembro de 2024

Carta: "Há muito de você em mim, mais do que você jamais saberá"

Série "Cartas Perdidas", Nº 43


Anápolis/GO, 02 de dezembro de 2005

Minha Querida,

Ainda que esta carta jamais chegue até você, sinto a necessidade de escrever. Talvez por um impulso egoísta de organizar os pensamentos ou pelo desejo latente de que, mesmo sem lê-la, você possa, de alguma forma inexplicável, sentir estas palavras. Vivemos tempos estranhos, onde o destino é incerto, e as distâncias parecem insuperáveis, mesmo quando não são físicas.

Eu cometi erros. Sei que não há justificativas suficientes para as minhas atitudes, e talvez nem precise entrar nos detalhes do que motivou minhas ações. No entanto, seria justo que eu tentasse explicar, mesmo que apenas para aliviar a minha própria consciência. Havia inseguranças em mim, tantas delas, e essas sombras invadiram o que deveria ser luz entre nós. Mas isso me levaria a um território muito íntimo, e não sei se estou pronto para desnudar completamente a alma.

O tempo passou – quanto, já não sei ao certo. Mas sinto sua presença dentro de mim. Não como um pensamento obsessivo ou insistente, mas como uma brisa que vem sem aviso, uma lembrança que brota de forma inesperada. E, confesso, ainda sonho com você. Sim, em meio a tantas noites, há sonhos em que o mundo parece tão mais simples porque você está lá.

Não escrevo com o intuito de pedir algo. Não quero reivindicar nada, nem mesmo sua atenção. Quero apenas que saiba – ainda que jamais leia estas palavras – que você marcou meu ser de uma maneira que nem eu consigo explicar.

Sim, eu quero você. Sim, sinto sua falta. Uma ausência que ecoa em lugares profundos, onde as palavras não alcançam. E, no entanto, sou forçado a aceitar que esses sentimentos vivem isolados, privados de qualquer som que possa chegar aos seus ouvidos.

Há muito de você em mim, mais do que você jamais saberá. Mas a verdade é esta: você não saberá. Jamais. Talvez porque essa seja a única maneira de proteger o que ainda resta de mim.

Com todas as palavras que não ouso dizer,


Eu, e tão somente....

"Há muito de você em mim,
mais do que você jamais saberá"





domingo, 24 de novembro de 2024

Interlúdio da Floresta

Série "Poesias e Devaneios", Nº 132

No véu da névoa, o silêncio ecoa,
A floresta murmura, melodia tão boa.
Cipós tremulam, ritmo do vento,
Segredos antigos, guardam o momento.

Folhas dançam, balé natural,
Luzes filtradas criam um portal.
Trilha sonora, suave e envolvente,
Toca o coração, quem estará presente?

Cada passo, um salto de fé,
Entre inimigos que a sombra revé.
Na calma da música, és um abrigo,
Lembrete sutil: você tem consigo.

Harmonia! Verde e som,
Aventura dura, mas leva ao tom.
De que na jornada, o belo é essência,
Haverá desafio, nova uma experiência.

Oh, doce Interlúdio, encanto sem fim!
Entre brisa cipós, o mistério em mim.
Tu és mais que isso, emoção pura,
Um pedaço da alma, eterna...segura!




Sob o véu da floresta, a brisa se desfaz

quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Liberdade Poética, Passos Alados!

Série "Poesias e Devaneios", Nº 131

Não tão livre, há fronteiras,
Palavras voam, a vida é barreira.
Você me parece, tão bem assim,
Mas na sua alma, o peso do "fim".

O verbo dança, procura abrigo,
Mas a realidade é seu inimigo.
Rima que toca, mas não liberta,
A dor é sutil, mas sempre desperta.

Liberdade que flui, como uma corrente,
Sonho se quebra, Real é pungente.
Mesmo tão livre, a poesia é prisão,
Guarda verdades no seu coração.

Liberdade que dança na ponta da pena,
Escreve os sonhos, mas logo se acena.
Não tão livre assim, carrega a verdade,
Palavras são livres, mas não da realidade.

Palavras voam, mas têm direção,
São livres no som, presas na razão.
Criam universos, moldam destinos,
Mas não escapam dos traços divinos.

Então escreve, liberta o que há,
Tua poesia é reflexo do lugar.
Do ser que és, da vida que exprime,
Uma liberdade que nunca se define.

Não tão livre,  há fronteira,
Palavras voam, a vida é barreira.
Corre ao vento, seus fios dourados,
Desafiando os limites, passos alados!




"Seus olhos brilham com fogo e razão,
Cruzando fronteiras, sem hesitação"


sábado, 9 de novembro de 2024

Sobrou uma foto

Série "Poesias e Devaneios", Nº 130

Sobrou uma foto! Foi sob um sol quente que posamos para uma foto, que era uma pequena capela em uma cidade que estávamos visitando, interior de SP, em uma festa de aniversário.

Sendo assim enfim posamos, e a foto ficou perfeita, um olhando para o outro, em mais uma tarde mais que perfeita.

Mas olha só, tudo perfeito, e era lindo, como ríamos aos sons de risadas alheias, e conversas, e foi seguindo mais uma tarde maravilhosa.

Minhas tensões era coisas banais de assuntos banais, pois eu vivia efemeridades e em uma certeza de falta de dúvida, era eu e você, e sempre contra o mundo...

...contava com isso, e jamais duvidaria, na altura daquela vivência... não duvidaria

Mas não vivemos de futurações e conjecturas e nem pensando em como a gente acha que vai ser tudo...

Hoje só sobra uma sombra e um rancor, que me fez acreditar que existia alguma sobra ou resquício de sentimento, mas na pratica nunca houve e nunca haveria de haver nada de sentimentos da sua parte, pois você nunca foi mais do que uma casca vazia de um grande nada.

Era só uma sombra e uma ilusão, onde depositei o ouro que não tinha, e foi-se todo ouro inexistente, fiquei devendo até o talo em tudo no sentido não monetário.

Eu estou devendo à mim mesmo pela perda da dignidade de me entregar à um ser que nada valeu depois da quinta ordem de grandeza de um nada, mas eu entendo que nada poderia corresponder à alguma coisa, então entendo que você tem um potencial enorme, pois isso ficará marcado como uma mácula.

Mas essa mácula sempre será merecida, pois quem confia é o responsável e fiador por todo advento que vier, e eu fui, então tudo que aconteceu foi responsabilidade prima minha, e você é apenas um subproduto de tudo que eu deixei entrar na minha vida!

Você é tão somente a consequência das minhas escolhas erradas, mas não só a única, só que me lembra e faz lembra-te como um fantasma de erradas escolhas indeléveis, e será sempre assim, um ser que nunca sairá da minha mente, apesar de ela ir "apagando as beiradas", o núcleo ficará, que que é você: um fruto muito ruim e amargo de uma escolha muito errada!

Foi sob um sol quente que posamos para uma foto, que era uma pequena capela em uma cidade que estávamos visitando, em uma festa de aniversário, mas sobrou uma foto!



Sobrou uma foto, e aqui está antes que
jogue-a fora.

terça-feira, 5 de novembro de 2024

Saudade Profana

Série "Poesias e Devaneios", Nº 129

Sinto saudade de 1993… um ano que, ao olhar de longe, parece ter sido feito de momentos perfeitos. Pelo menos a primeira metade, aquela que carrego com um carinho quase nostálgico, como se fosse uma fotografia amarelada pelo tempo. Tudo era bom, tudo tinha um brilho suave e confortante. Foi uma época em que as coisas simplesmente pareciam fluir, as oportunidades estavam ali, espalhadas pelo caminho, esperando para serem colhidas! E eram muitas! Caíam aos montes pelo chão com um estrondoso barulho, igual jaca madura caindo do pé! Era uma época onde eu me sentia imortal, invencível, quase um super-herói da Marvel!

E eu as deixei passar. Cada uma delas. Oportunidades que surgiram, tão claras, tão óbvias, e que eu, por alguma razão, não soube aproveitar. Desperdicei cada chance como se o tempo fosse infinito, como se o ano não tivesse um fim. E agora, aqui estou, sentindo o peso da saudade de algo que eu poderia ter vivido de forma mais plena, mais presente. Mas na época, não percebi. O que parecia eterno agora se dissolve em lembranças! Me tornei profissional e desperdiçar as melhores oportunidades que a vida me deu! O deus ex machina que me salvou, duas, três ou quatro vezes! Ele sempre estava apto mecanicamente para me salvar, assim como a antiga e original metáfora grega!

Mas, ainda assim, a saudade é forte. Sinto falta daquela leveza, saudade de tudo que foi perdido, enterrado... com ou sem razão! Saudade daquela sensação de que o mundo estava à disposição. Mesmo com os erros, mesmo com as escolhas que não fiz, 1993 me abraça em pensamentos com uma doçura melancólica. Foi tudo tão bom… E a parte mais difícil de aceitar é que, mesmo sabendo que deixei escapar tanta coisa, ainda carrego essa saudade. Uma saudade boa, como se a memória pudesse apagar os tropeços e deixar só os momentos em que tudo parecia perfeito. 

Agora é visar basicamente 1995, e depois de um 1994 quase findado e confuso, cheio de altos e baixos, parece que as coisas finalmente podem finalmente tomar forma. Não posso negar que o esse mesmo 1994 em quase sua totalidade foi basicamente frustrante, cheio de promessas não cumpridas e decepções que me fizeram questionar muito do que esperava. Era como se 1994 tivesse o potencial de ser um grande ano, mas faltou algo — talvez foco, talvez sorte. Eu queria mais, mas tudo parecia se arrastar, sem o brilho que esperava. O que faltou na verdade é a boa e velha VERGONHA NA CARA.

Agora, olhando para 1995, sinto um otimismo cauteloso. Aprendi com 1994 a não criar expectativas irreais, mas também a não me deixar abater pelos contratempos. Vejo que o em breve novo ano tem suas oportunidades, mas estou mais consciente, mais realista. Sei que não basta o ano ser bom por si só, eu preciso estar pronto para agarrar o que vier, mesmo que de forma imperfeita. Se 1993 foi o ano que eu desperdicei e 1994 o ano em que me perdi, 1995 é a chance de encontrar equilíbrio. Não será perfeito, mas talvez, dessa vez, seja o suficiente.



"Não será perfeito, mas talvez, dessa vez, seja o suficiente."