sábado, 17 de junho de 2017

Síndrome da Rainha Vermelha na Vida Pessoal

Série "Reflexões Pessoais", Nº 26


A "Síndrome da Rainha Vermelha" é um conceito, um postulado de sociologia, publicado na forma de livro de não-ficção pelo autor e sociólogo Marcos Rolim.

Todo o conceito da obra é pensado para ser trabalhado em cima da segurança pública brasileira e suas deficiências.

A ideia surge de uma passagem específica de personagens específicos da obra de Lewis Caroll, "Alice Através do Espelho". É sobre a frustrante sensação da personagem Alice de que quanto mais se corre, mais se fica no mesmo lugar:

"..."Vamos , Alice , corra, corra mais". Exausta com o esforço, ela se frustra quando percebe que não saiu do lugar. No mundo da Rainha Vermelha é assim mesmo. Corre-se mais e mais, para não sair do lugar. Alias, é preciso correr muito para ficar no mesmo lugar..."

Alias a metáfora que é o escopo do tema pode nos levar a refletir não só sobre a segurança pública, mas também sobre outros temas e aspectos.

Quantas vezes na vida nos pegamos sofrendo de tal Síndrome? Exatamente assim, correndo contra o tempo implacável para exatamente FICAR NO MESMO LUGAR? Somos frustrados com o bombardeamento pelas mídias diversas sobre a possibilidade de todo mundo ter "seu lugar ao Sol", como se o "sonho americano" fosse extensível para nós aqui também nas terras verde-amarelas. 

Crescemos e amadurecemos em uma bolha social e filosófica onde nos é apregoado que com o simples esforço e um "querer" conseguiremos atingir nossos objetivos utópicos: sermos ricos, famosos, e até mesmo coisas que julgamos simples, como sermos reconhecidos e amados simplesmente pelo nosso caráter e nossa honra, e não simplesmente pelo que temos ou nossa aparência externa, cor da pele, etc.

É aí que chegamos ao ponto de perceber que estamos fazendo EXATAMENTE o que Alice fez: correndo, correndo, correndo e correndo com toda força para ficar no mesmo lugar: pagar nossas contas, acordar cedo, trabalhar em uma rotina monótona e angustiantemente previsível, sustentar ego e luxúria de uma sociedade pautada pela aparência e com uma profundidade tão "grande" quanto uma piscina infantil.

E como Alice, no livro de Lewis Caroll, nós mesmo acabamos se frustrando, e exaustos pelo esforço inutilmente desenvolvido, desistimos de tentar, de ser, de criar, e passamos apenas a existir, de forma vazia e automática, como uma legião de fantasmas, vivendo a vida no "modo automático".

E com o olhar vazio "das mil jardas": NASCEMOS COMO UM MORTO E MORREMOS COMO SE NUNCA TIVÉSSEMOS NASCIDO.

"...e quando a própria vida funciona como uma máquina de destruir sonhos e padronizar almas..."




terça-feira, 6 de junho de 2017

Por que eu acredito em Deus?

Série "Reflexões Pessoais", Nº 25



Uma pergunta que seria tão simples e ao mesmo tempo tão complexa: Porque eu acredito em Deus?

Primeiramente eu divido conceitos de forma bem clara e concisa em minha mente: Fé e Doutrina, Espiritualidade e Religião. Tais conceitos que a primeira vista poderiam ser considerados praticamente sinônimos, pra mim se opõem fortemente. Pra mim a doutrina estraga a fé, e a religião sufoca a espiritualidade.

Tendo em mente que divido claramente os conceitos retromencionados, já adianto que não sou religioso, tampouco, apesar de desnecessário dizer, sigo quaisquer doutrina de forma íntima. 

As pessoas costumam crer verdadeiramente em Deus por duas vias distintas: experiência pessoal/sobrenatural ou pela pura lógica. Desta forma, digo que minha crença em Deus, no Criador, se deu basicamente pela segunda alternativa. 

Nunca de fato pude sentir aquilo que muitos dizem sentir, e por isso cheguei a duvidar. Não poderia ter sido tão tolo.

Basicamente ao se compreender o ser humano como espécime biológico, podemos ter a noção de quão limitadas são nossas ferramentas de percepção do ambiente que nos cerca, da nossa auto-declarada "realidade". Tudo em nós é extremamente limitado, nosso cérebro nos oferece um modelo muito limitado da dita realidade para que possamos viver nossas vidas de acordo com nossos preceitos puramente biológico.

Desta forma lhes pergunto, como então que entenderíamos a lógica do Criador sendo nós mesmos a mera Criatura? Como entender a lógica de Algo que pode estar por trás da criação das próprias leis da física como conhecemos? 

É como se imaginássemos de alguma forma um computador tentando compreender o amor, ou o ódio, simplesmente não dá. O computador é criação nossa.

Não há como a Criatura entender a lógica do Criador, seria-nos muita presunção quiçá entender a sua existência ou não-existência, mesmo porque o próprio conceito de "existência" é algo muito limitado que nos é oferecido pelo nosso humilde cérebro. 

Creio em Deus, embora sou e serei sempre muito limitado para compreendê-lo.



"Somos apenas parte de um todo."