quarta-feira, 10 de novembro de 2021

Nem sempre será assim

Série "Reflexões Pessoais", Nº 58 


Penso na dor dos amores perdidos. E penso numa fábula oriental. Mais ou menos assim: um rei pede ao homem mais sábio do reino que lhe escreva num papelzinho palavras para ler num momento de extrema aflição, um conforto da adversidade. O sábio cumpre a tarefa. Não muito tempo depois, o reino é invadido. O rei, sem saída, foge. Perdera tudo: poder, dinheiro, relevância. Ele então recorre ao bilhete do sábio. Ali está dito: “Nem sempre será assim”. O rei caído consegue, aos poucos, rearrumar suas forças. Retoma seu reino. E encontra o sábio. Ouve, agora no fausto reconquistado, no poder recuperado, mais uma vez a sentença:

“Nem sempre será assim”.

A frase resume o perpétuo vai-e-vém das elevações e quedas, a inconstância da sorte, a fugacidade de tudo que acontece sob o sol. Todo homem arrasado pelo final de um amor deveria ter no bolso um papelzinho com a advertência do sábio oriental. O sofrimento aparentemente insuportável vai desaparecer. O que parecia ser um inverno eterno dentro de nós receberá a visita redentora do sol que avisa que o verão ou já chegou ou está aí. A tristeza que estávamos certos de ser imortal revela-se frágil e é batida por uma lufada cálida de alegria.

"Rebrilham neles lembranças dos amores esquecidos"




4 comentários:

  1. Mas você procura acabar antes de acontecer. E por pouca coisa. Seja mais compreensivo com as pessoas.

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  2. " Até o meu amigo que eu tanto confiava, levantou contra mim o seu calcanhar". ( Salmos)

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    1. Porém tu, Senhor, tem piedade de mim, e levanta-me, para que eu lhes dê o pago.

      Salmos 41:10

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  3. Incrivelmente sábio e maravilhoso!😯🤩👏🏻

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