Série "Curtas", Nº 47
A desventura do tempo se abateu sobre mim quando finalmente a encontrei, tarde demais para desfrutar de tudo o que ela tinha a oferecer. Mas antes disso, sem ter a chance de realmente conhecê-la, seu coração já havia sido cativado pela sua graça e encanto, mergulhando profundamente no amor que sentia.
Evidente paradoxo: tarde demais para apreciar, cedo demais para amar. O sentimento que lhe apoderou foi forte demais para ser ignorado, como se o destino tivesse brincado, pregando uma peça cruel em sua alma, o fazendo amar sem ter a chance de desfrutar.
O que ele poderá fazer agora, senão lamentar o que poderia ter sido, o que poderia ter acontecido se tivesse a chance de conhecê-la antes, de me aproximar antes que fosse tarde demais? Na certeza do sentimento permanecer ele se inertiza, mesmo que por ora não possa ser correspondido da maneira adequada.