Série "Cartas Perdidas", Nº 38
São João Del Rei/MG, 07 de Junho de 1964
Todavia, venho com pesar anunciar que, infelizmente, não podemos mais prosseguir. Cheguei à conclusão irrevogável de que não desejo mais seguir. Suplico que respeite minha decisão.
Confesso que me preparei para ir ao seu encontro! Fui até a estação, mas, no
momento decisivo, encontrei-me paralisada diante do trem, e não subi. Acredito, de coração, que não
podemos mais prosseguir. Não consigo ser como outrora, e nada voltará a ser como
antes.
Assim, encerro nosso relacionamento aqui e agora. Peço
sinceras desculpas por qualquer transtorno que isso possa causar, mas desejo
que compreenda que essa decisão me causa uma dor profunda, pois almejei, mais
do que tudo, que nossa história fosse diferente. Não queria que o primeiro erro
tivesse acontecido.
Algumas coisas podem, talvez, retornar ao que eram, mas
outras jamais serão as mesmas. Espero que não guarde ressentimentos e que
consiga me compreender. Saiba que tentei, verdadeiramente.
Desde o momento em que você se mostrou insensível enquanto eu estava convalescente, nossa história jamais foi a mesma. Desde então, estivemos em um constante esforço para consertar o que havia sido quebrado, mas sem sucesso.
Peço perdão se cometi alguma falha, mas não posso continuar.
Sim, em alguns aspectos, ainda consigo seguir em frente, mas não de maneira
plena.
Desejo-lhe tudo de melhor e que Deus o abençoe e guie sua vida. Contudo, rogo que siga seu próprio caminho e seja feliz, sem pra trás olhar. Da mesma forma, prometo que não o farei, pois preciso seguir adiante e não posso viver nessa constante insegurança, que tudo se alterava a cada dia. Lamentavelmente, você mudou tarde demais.
E agradeço por todos os momentos compartilhados, pois, em
última análise, eles sempre farão parte da minha história.
Que Deus o abençoe abundantemente!"
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