segunda-feira, 22 de julho de 2024

Uma Noite de Renúncias

Série "Diálogos Efêmeros", Nº 4

Ela suspirou e interrompeu a fala dele com um olhar vazio, sem a menor vontade de prolongar a conversa. Ele, percebendo a frieza, afastou-se um pouco, sentindo a distância crescer entre eles. O silêncio pairou, carregado de ressentimento, com as mãos dos dois permanecendo imóveis, sem desejo ou carinho. Quando finalmente ela tomou coragem para falar, seus olhos evitavam os dele e disse:

_Acho que já não temos mais nada a dizer. Desde o momento em que percebi quem você realmente é, soube que nosso tempo juntos estava acabando. Não faz sentido prolongar essa dor.

Ele, com um amargo sorriso nos lábios, respondeu:

_Talvez você esteja certa. Sempre soube que havia algo errado entre nós, mas nunca imaginei que terminaria assim. Não quero mais prolongar essa agonia, esse desgaste.

Ela assentiu, as lágrimas que ameaçavam cair eram de frustração, não de emoção. Com a voz embargada pelo desânimo, ela completou:

_Quero que isso acabe logo. Estou cansada de tentar, de fingir que está tudo bem.

Ele, resignado, deu um último beijo em sua testa, mas sem ternura, apenas um gesto mecânico, e disse:

_Eu não te agradeço por nada disso. Tudo foi apenas hipocrisia e ilusão. Você é ilusão.

Ele virou as costas, então ela disse:

_Eu me arrependo de termos chegado a esse ponto. Não consigo ser como outrora, e nada voltará a ser como antes. Preciso seguir em frente sozinha.

Ele soltou um suspiro pesado, o coração apertado, mas sem a sensação de felicidade. Redarguiu, com uma voz firme:

_Farei o necessário para esquecer isso tudo. Não há mais amor, se é que houve algum dia, e quero deixar isso claro todos os dias da minha vida.

Ela virou as costas e foi embora, sem olhar para trás. Ele ficou ali, vendo-a se afastar, o coração carregado de um pouco de tristeza muito ressentimento, sabendo que aquilo era realmente o fim, ou talvez o começo...


Não há ninguém aqui, nunca houve!


Nenhum comentário:

Postar um comentário