"Reflexões Pessoais", Nº 37
Estamos rodeados por indivíduos que frequentemente recorrem a justificativas e consolos para lidar com os próprios insucessos, utilizando frases motivacionais que, em sua essência, reconhecem como ilusórias. Essa prática se intensifica ao confrontarem pessoas em situações mais favoráveis, pois criar uma ilusão reconfortante muitas vezes parece mais simples do que enfrentar as adversidades e empenhar-se em superá-las.
Um exemplo recorrente é a afirmação de que "pessoas ricas são infelizes", talvez utilizada como um mecanismo para minimizar as dificuldades de uma vida com menos recursos. Tal pensamento, frequentemente sustentado por casos isolados, como o de um indivíduo abastado que enfrenta problemas de saúde, desconsidera que, de maneira geral, pessoas com maior poder aquisitivo tendem a desfrutar de melhor qualidade de vida e relacionamentos mais estáveis. Enquanto isso, na pobreza, desafios relacionados à escassez, doenças e problemas familiares são proporcionalmente mais presentes e impactantes.
Outro subterfúgio comum é a ideia de que "tudo é perigoso", utilizada para justificar comportamentos imprudentes. Essa noção muitas vezes equipara situações de risco real, como conduzir uma motocicleta sem capacete, a atividades estatisticamente mais seguras, como viajar de avião. Frases como "era a hora dele" servem para eximir responsabilidades, transferindo a culpa ao destino e ignorando o papel ativo que nossas escolhas desempenham.
Também é frequente a utilização de exemplos de pessoas saudáveis que tiveram mortes súbitas como argumento para reforçar a ideia de que "pessoas saudáveis também morrem". Embora a mortalidade seja inevitável, esse raciocínio é frequentemente empregado como uma forma de justificar hábitos prejudiciais. Histórias como a do "avô fumante que viveu até os 100 anos" são repetidas como exceções transformadas em regra, ignorando as evidências claras de que hábitos saudáveis não apenas prolongam a vida, mas garantem maior bem-estar.
O ser humano, por vezes, encontra consolo em narrativas que suavizam a responsabilidade por suas escolhas. Frases como "temos que aproveitar, não sabemos o dia de amanhã" são utilizadas como justificativa para ações imediatistas. Contudo, a realidade é que, na maioria das vezes, o amanhã chega — trazendo consigo as consequências das decisões negligentes, seja na forma de uma ressaca emocional, física ou financeira, que reflete o impacto de uma visão simplista sobre a vida.
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