Série "Poesias e Devaneios", Nº 38
Eu vou construir um lago de lágrimas. O lugar eu não sei onde, talvez num deserto, em um bosque, talvez em um lugar que ainda nem sei o nome. Talvez em um lugar que não seja físico.
O buraco será bem fundo, pois deverá guardar todo o conteúdo. As lágrimas eu irei depositar lá, ficará grande e melancólico.
Nem precisarei desviar um rio, pois só usarei as lágrimas, que serão captadas de todas os lugares.
Serão as lágrimas verdadeiras, amores desfeitos, amizades destruídas, paixões dispensadas. Serão lágrimas amargas, as vidas marcadas e as preces perdidas.
São as lágrimas da esperança, lágrimas da emoção, lágrimas da vontade.
Ficará grande, enorme.
E, no meio dele, vou construir uma casa. Uma pequena casinha, onde você poderá ir de vez em quando. Você está lá no meio do lago de lágrimas, cercado da tristeza, da saudade, das lamúrias. Cercado do passado e do futuro. Cercado de você, de mim, de tudo.
De amores não vividos, e planos não realizados.
Você ficará lá quando quiser visitar meu lago. Lá você verá o tamanho que ele é, é gigante.
Eu vou construir um lago de lágrimas.
"Se a felicidade for derradeira, a vida vai seguir seu curso."