quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Saudade, e não devida

Série "Poesias e Devaneios", Nº 47


Saudade, e não devida
Não devida mesmo

Te vejo nos sonhos
Te vejo na rua
Te vi na esquina

Você não existe
Você resiste
Você me assiste

Eu vejo você
Eu sinto você
Eu sei de você

Talvez bastasse respirar
Talvez bastasse saber
Talvez bastasse entender

Somos cacos
Somos restos
Somos ruínas

Você é você
Você nunca saiu
Você nunca se foi

A gente se odeia
A gente se ama
A gente se perde

Porque não pode ser um hábito
Porque não pode ser um vício
Porque não pode ser um "porquê"?

Aquelas palavras que não usamos nunca
Aquelas palavras que não vamos usar
Aquelas palavras que temos medo

Eu te amo 
Eu não sei
Eu não tenho certeza

Não sabemos se é bem isso
Não sabemos se um é o outro
Não sabemos o que sente o outro

Seu lugar nunca foi substituído
Seu lugar continua o seu
Seu lugar está aqui

Saudade, e não devida
Não devida mesmo

"Quem pensa que a distância faz esquecer, esquece que a saudade faz lembrar."



sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Carta: "Eu te amei, você me amou"


Série "Cartas Perdidas", Nº 28



Divinópolis/MG - 12 de Janeiro de 2002


Você nunca foi substituída.

Isso é fato, mas isso não diminui a magoa que existe entre nos e foi difícil da gente poder digerir. A questão é que você sempre achou muitas coisas, factoides.

Eu te amei, você me amou.

Fomos cada um seguindo um caminho muito distante um do outro. Diria até que a distância física seja menor ainda que a distancia sentimental.

Foste você uma pessoa bastante complicada e cheio de ideias idealistas e irreais, uma legítima adolescente de trinta anos, mas a questão é que eu nunca fiz jus a toda essa paranoia maluca!

Eu te odiei demais, e ainda te odeio, por tudo que houve. Aquele abajur quebrado, sei que não queria me acertar. Mesmo que quisesse, você nunca foi muito boa de mira mesmo, a não ser a flecha que alvejou meu coração, bem no centro!

Eu te magoei, mas você também me magoou de uma forma inversamente proporcional. Nenhum ódio foi gratuito, eu te odiei da mesma forma que te amei, e ódio por amor, ambos se completam!

Então você acha que eu me reconstruí, e existe outra pessoa na minha vida, e de fato não há. Nunca houve! Nunca terá de haver! Nem mesmo na minha e nem na sua.

Que todo o sofrimento se conversa na alegria, que toda lágrima se converta em gotas de chuva no rosto naqueles dias onde se implora por refresco do tempo.

Eu nunca te substituí! Seu lugar ainda está aqui, nunca foi embora!

Embora isso não diga nada. Nem queira dizer ou ser indulgente. 

Jusqu'à un jour ou une autre vie!

Eu te amei, você me amou.

"E nas vielas todas da cidade, sempre há um amor, uma dor, uma maldade, uma loucura, um pecado, uma solidão, e uma saudade, sempre há."