Série "Poesias e Devaneios", Nº 47
Saudade, e não devida
Não devida mesmo
Te vejo nos sonhos
Te vejo na rua
Te vi na esquina
Você não existe
Você resiste
Você me assiste
Eu vejo você
Eu sinto você
Eu sei de você
Talvez bastasse respirar
Talvez bastasse saber
Talvez bastasse entender
Somos cacos
Somos restos
Somos ruínas
Você é você
Você nunca saiu
Você nunca se foi
A gente se odeia
A gente se ama
A gente se perde
Porque não pode ser um hábito
Porque não pode ser um vício
Porque não pode ser um "porquê"?
Aquelas palavras que não usamos nunca
Aquelas palavras que não vamos usar
Aquelas palavras que temos medo
Eu te amo
Eu não sei
Eu não tenho certeza
Não sabemos se é bem isso
Não sabemos se um é o outro
Não sabemos o que sente o outro
Seu lugar nunca foi substituído
Seu lugar continua o seu
Seu lugar está aqui
Saudade, e não devida
Não devida mesmo
"Quem pensa que a distância faz esquecer, esquece que a saudade faz lembrar."