quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

Vazio Plenitude

Série "Poesias e Devaneios", Nº 61

E a noite caiu!

Mais uma vez, é noite, é o escurecer... só me faz lembrar, quão só estamos...

Liberdade ou solidão? Plenitude? Solitude? Sim, já se tornou tudo isso... 

Ninguém à vista, ninguém a amar, ninguém a odiar, e ninguém a chorar!

Amores, reais ou não, virtuais ou profanos, e nada real, nada salutar.

Juras ao vento, folhas sem direção. 

Palavras ditas, telas vazias, papéis amassados, celular sem bateria, sentimento insensíveis, fingimentos, trapaças, dramas, traições, hedonismo, luxúria.

O nosso clichê, já em extinção, sem aperto de mão, sem boca a boca, sem o próprio coração!

Talvez todos nós somos sozinhos, até as pessoas mais acompanhadas são sozinhas, solidão é uma condição da vida, somos sozinhos dentro da nossa pele, dentro da nossa cabeça.

Aprendemos a gostar do vazio, sem cobrar a si mesmo, não tendo a necessidade explicar o inexplicável... restando apenas o grito da Minh 'alma, em meio ao silêncio e a satisfação plena circundante... de vazio.

Nossa doce e nobre alma, em silêncio lamenta, as vezes em fome de calor, outras em veisalgia de retiro. Um misto de "bem me quer e mal me quer". 

Talvez a crença incondicional, que nenhuma das histórias tem um grande herói, e todos os heróis eram falsificações, sem esperar um amanhã, que na verdade não há! 

Talvez o nosso grande herói, e nosso grande amor, todos esse símbolos, nem existam na prática, apenas como um desejo pueril, enquanto seguimos entretidos com o enorme caos interior dentro de cada um!

Mais uma vez, é noite, é o escurecer... só me faz lembrar, quão só estamos...


Por A. Fernandes



"De meros vazios se constrói o recheio da existência humana."
Hugo Hofmannsthal



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