quarta-feira, 23 de junho de 2021

Papel queimado

Série "Poesias e Devaneios", Nº 66

Errado foi eu de sequer ter lido

Quiçá escrito uma idiotice
Você nunca aqui esteve
Eu também nunca

Nem mesmo estive
Nem mesmo pensei
Sua mente
Como viajou assim como

A minha depois
Tão confusa como uma tormenta
Me preocupei
Abusei e negligenciei

Você existiu
Como texto e fotografia
E fotogramas idiotas
Como algo idiota

Como tudo
Como foi
Um pequeno sorriso no fim
E um pequeno cigarro no final

A gente consome as cinzas da vida
E da vontade
E o pequeno pedaço de papel virou cinza...
...junto com o cigarro

Errado foi eu de sequer ter lido

451 graus Farenheit, ou 233 graus Celsius, é a temperatura de combustão do papel comum.




quinta-feira, 3 de junho de 2021

Foi e não voltou

Série "Poesias e Devaneios", Nº 65

Já pensei em seus lábios
Como você eu pensava

Pensava mal, muito mal confesso
Desprezei e muito não pensei

Era você que eu não queria
Não pensar e não olhar

Muito dias e muitos meses
Nunca mais ouvi falar

Tentei lembrar, tentei mesmo
Nem sabia, cores dos olhos

Era você, veio tudo
Na memória, tudo veio

Escrevi, papel e tinta
Mandei, texto físico e letras

Foi pra não voltar
Não voltou, mas que não voltei

Já pensei em seus lábios
Como você eu pensava



Então, como, quando a natureza te chama para que vás?




 

Coração Negro

Série "Poesias e Devaneios", Nº 64

Coração negro
Negro de tinta

Feito grafite
Ou carvão

De dor e lágrimas, tinta
Cinza!
Papel queimado

Sentir como era
Como foi
Nunca sentir
Como será
Nunca sentir
Como não foi

Não é
Não doeu
Nem doerá!

Sentir ou não sentir?

Você, leve como uma pluma
A dor, pesada como montanha

Coração negro
Negro de tinta



"O sofrimento eterno é a infelicidade dos homens ignorantes que nunca falham em buscar as profundezas de seus próprios corações e vêem somente a riqueza de um pobre mundo que sofre para esfolar seu próprio dorso com facadas de prata e agradecimento brutal."