Série "Cartas Perdidas", Nº 42
"Ontem, quando conversamos, eu te disse algo que venho sentindo há algum tempo: eu não espero mais por um deus ex machina. Não espero mais por aquele milagre que surge do nada, resolvendo tudo de repente. Não agora, não mais. Já vivi esse tipo de coisa antes, e foi bom, muito bom. Era como se tudo se alinhasse, como se o universo conspirasse a meu favor. Mas, hoje, não espero mais por isso.
Houve épocas em que me deparei com pessoas que, de alguma maneira, me salvaram. Chegaram em momentos críticos, me tiraram de abismos emocionais ou me deram forças quando eu já não tinha mais nenhuma. Foram relacionamentos intensos, cheios de paixão e de uma espécie de urgência, como se fossem a última chance de encontrar sentido em tudo. E, naquele momento, fizeram sentido. Foi profundo, arrebatador. Eu me joguei de cabeça, e vivi tudo o que havia para viver.
Mas agora, algo mudou. Meu tempo para esperar que alguém me salve acabou. Não que eu tenha perdido a fé em encontros transformadores ou que tenha me fechado para novas experiências. Não é isso. Mas, hoje, eu entendo que a vida não é sobre ser resgatado por outra pessoa. Não é mais sobre depender de um "salvador" que vai chegar e mudar tudo de repente. Cheguei num ponto em que percebo que a solução não está fora de mim.
Eu olho para trás e vejo que, muitas vezes, eu esperei que outros me tirassem do caos interno. Coloquei expectativas em amores e pessoas, esperando que elas fossem a resposta para o vazio que sentia. E, por um tempo, isso funcionou. Mas com o tempo, percebi que não é justo, nem comigo, nem com o outro. A verdadeira transformação não acontece quando alguém entra na nossa vida para nos salvar. Ela acontece quando decidimos nos salvar.
Sigo em frente, sem esperar que algo ou alguém me tire de onde estou. Porque, no fundo, não é sobre ser salvo. É sobre caminhar, sentir o chão firme, encontrar sentido na jornada, mesmo sem as grandes reviravoltas que costumavam me mover.
Espero que isso faça sentido para você. Porque, para mim, faz!
Com carinho!"
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