sábado, 19 de outubro de 2024

Bem vindo ao Deserto do Mundo Real!

"Reflexões Pessoais", Nº 36

Não se edifica um castelo sobre um solo arenoso. Uma verdade tão antiga quanto a própria humanidade. Muitas vezes, na pressa de alcançar a felicidade, nos iludimos com o que parece ser solidez, mas não passa de areia fina que cede ao primeiro vento. A sensação de euforia, aquela alegria que sentimos em certos momentos, por mais intensa que seja, pode ser construída sobre percepções distorcidas do que nos cerca. O brilho dos dias bons, quando iluminado por expectativas irrealistas, pode mascarar o fato de que estamos depositando nossas esperanças em bases frágeis.

Toda aquela felicidade, por mais radiante que fosse, era ilusória. Uma falsa percepção do meio circundante. Acreditamos estar vivendo um momento sólido e seguro, mas, na verdade, estávamos sobre o precipício da desilusão. Não era a vida nos pregando uma peça, nem uma "maré de azar" nos atingindo, mas a dura realidade do mundo, o Deserto do Mundo real, onde as condições são implacáveis e as recompensas só vêm para aqueles que constroem suas vidas com paciência e sobre fundamentos firmes.

Agora, reclamar de Deus, amaldiçoar o Universo ou praguejar contra o Destino não adianta. Essas respostas são apenas tentativas vãs de desviar a responsabilidade de onde realmente deve estar: em nós mesmos. O mundo não se ajusta aos nossos desejos e vontades, e é no enfrentamento desse deserto que aprendemos que a vida não é uma sucessão de golpes de sorte ou azar, mas uma teia complexa de escolhas, renúncias e esforços.

O verdadeiro aprendizado vem quando aceitamos que a vida não é perfeita, que o solo é árido muitas vezes, e que construir algo duradouro exige consciência e trabalho. As tempestades, sejam emocionais ou externas, vão passar. E, quando passam, nos deixam a oportunidade de recomeçar – não sobre areia, mas sobre rocha firme.

No entanto, mesmo com todo o esforço para construir sobre bases sólidas, a verdade amarga é que o Deserto do Mundo real não se curva a nossos ideais ou sonhos. Não importa o quanto tentemos ser cuidadosos, o quanto planejemos com precisão, há forças maiores que agem fora de nosso controle, corroendo lentamente até os alicerces mais firmes. A areia se infiltra, as rachaduras aparecem, e por mais que lutemos, às vezes é simplesmente impossível manter tudo de pé. O castelo desmorona, não por falta de tentativa, mas porque o mundo, em sua essência, é imprevisível e implacável.

É difícil aceitar que, apesar de todo o empenho, felicidade duradoura é uma promessa distante, um ideal inalcançável para muitos. O que resta, após tantas quedas, não é um novo começo otimista, mas a aceitação de que o solo em que vivemos raramente é firme o suficiente para sustentar nossos maiores desejos. E talvez a verdadeira lição não seja sobre construir melhor ou mais forte, mas sim sobre reconhecer que, em certos momentos, tudo o que podemos fazer é observar em silêncio enquanto as paredes que ergueremos com tanto esforço caem diante de nós.


"A solução está em não desejar nada, não exigir nada, não esperara nada!"

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