"Reflexões Pessoais", Nº 35
Quando tudo se torna previsível, você deixa de se surpreender com o mundo ao redor. A vida, que antes parecia cheia de possibilidades e surpresas, vai perdendo sua cor, se transformando em um ciclo repetitivo e mecânico. As pessoas, as situações, as reações — tudo começa a seguir um padrão tão óbvio que qualquer ilusão de novidade ou emoção se dissolve.
No início, talvez você tente lutar contra isso. Espera que algo mude, que um evento inesperado rompa essa linha reta que se estende à sua frente. Mas, com o tempo, percebe que essa espera é inútil. As pessoas continuam sendo previsíveis em seus interesses mesquinhos, as instituições falham da mesma forma, os relacionamentos são cada vez mais rasos e vazios, e os dias seguem a rotina opressiva. Você não espera mais pelo inusitado, pelo improvável, porque aprendeu que a vida não é um filme com reviravoltas dramáticas. A realidade é outra, pois NÃO há "deus ex machina"!
Esse senso de previsibilidade não é uma escolha. Ele vem com o tempo, com a experiência. É uma constatação amarga, mas inevitável, de que as coisas não vão mudar tanto quanto você imaginava. E quando se dá conta disso, a frustração inicial dá lugar a um cansaço. Não é cansaço físico, mas mental, emocional. Um esgotamento que vem da falta de expectativa. Afinal, como manter o entusiasmo se o fim da história já está escrito, ainda que você não conheça todos os detalhes?
O pessimismo surge não como uma visão derrotista, mas como uma forma de proteção. De que adianta esperar por algo diferente se tudo sempre segue o mesmo curso?
Se trata de entender que as emoções, as surpresas e o brilho do inesperado se tornaram raros. O ser humano, com seus defeitos e limitações, prova continuamente que o ciclo da previsibilidade sempre vence. E, assim, você se acostuma a não se surpreender mais!
O que resta, então? Apenas aceitar. Viver cada dia sabendo que, no fundo, tudo segue um roteiro previsível. As surpresas são exceções, não regras. Quando você entende isso, para de se frustrar com a mesmice. Afinal, talvez a verdadeira surpresa preceda ausência de qualquer mudança significativa.
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