sexta-feira, 29 de novembro de 2024

Soneto da Decepção

Série "Poesias e Devaneios", Nº 133

Entre papéis desgastados, despejo minhas angústias,
porque o papel é o receptáculo das dores e aceita tudo.
Fizeste o que consideraste justo,
e na tua alma, encontraste um alívio que te bastasse.
Aquele amor que eu dizia ser tão imenso
não era uma invenção, mas um pulsar constante.
Vivia em mim com a força de um sonho,
presente em cada noite, em cada silêncio.
Mas agora, pergunto-me com insistência:
quem realmente habitava esses sonhos?
Tu deixaste de existir naquele instante exato,
quando teus olhos se cruzaram!
Com outra presença ao meu lado.
A mulher que eu conhecia evaporou-se no ar,
desfez-se como névoa ao toque da realidade.
O que restou foi negação, incessante e firme,
e a certeza de que nunca voltaríamos a ser os mesmos.
Na dor desse reconhecimento, algo novo nasce,
uma nova identidade moldada por cicatrizes.
Compreendi, afinal, que amava apenas uma sombra,
mas nessa sombra, descobri a essência do perdão.
Agradeço-te e a Deus por não me ter dado outra chance,
pois amaríamos fantasmas, tu e eu,
presos em uma memória de algo que já não existe!


Com outra presença ao meu lado.
A mulher que eu conhecia evaporou-se no ar,
desfez-se como névoa ao toque da realidade.



  

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