terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

Recomeços

"Poesias e Devaneios", Nº 139 


O "pra sempre" não é mais do que uma ideia que se desmancha,
um eco distante que atravessa noites silenciosas.
As promessas, tão cheias de certeza no momento,
acabam se dissolvendo no turbilhão da vida,
deixando apenas aquele vazio desconfortável.

O tempo, com sua sabedoria implacável,
não poupa ninguém: ele desfaz até o eterno.
Aquilo que parecia sólido, fervoroso,
vira sombra, um rastro pálido de um amor que já foi.

O "pra sempre" é como um oásis no deserto,
algo que a gente quer tocar, mas que desaparece na aproximação.
E mesmo assim, a gente se apega,
como se pudesse escapar das mãos impiedosas do tempo.

Mas no fim, resta apenas a lembrança,
um sussurro antigo perdido no vento.
E mesmo que doa, ainda insistimos,
pois há beleza no que é passageiro.

O "pra sempre" não morre, só adormece,
nas entrelinhas de cartas esquecidas.
E às vezes, em um suspiro distraído,
ele desperta, mesmo que por um instante.

E o vazio que sobra não é só dor.
É também espaço — espaço para o novo,
para renascer e reaprender a viver,
porque talvez o único "pra sempre" que existe
seja o ciclo constante de recomeços.




Porque talvez o único "para sempre" real
seja o eterno ciclo de recomeços.


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