quarta-feira, 23 de abril de 2025

Sementes da Glória

"Poesias e Devaneios", Nº 145

Dias cinzentos, dor e espinho,
Caminho de fé, mesmo sozinho.
Pois sei que há luz além da estrada,
Promessa viva, jamais apagada!

Lágrima hoje, que ao chão se lança,
Manhã vestida, viço e esperança.
O pranto que agora que, o peito invade,
É só prelúdio da eternidade.

A Palavra fala com doce firmeza:
Que a dor não vence a real beleza.
A glória espera, pura, escondida,
Por trás da Cruz, renasce a vida.

E quando a alma estiver cansada,
Sem cor, sem norte, sem nem ter mais nada,
Lembrarei: há de haver manhãs serenas,
E risos brotarão de nossas penas.

Sim, um dia, com alma leve e sã,
Riremos juntos da dor tão vã.
Pois cada queda, cada ferida,
Foi como degrau para eterna vida...

Pois cada queda, cada ferida,
Foi como degrau para eterna vida!


Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente
não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada. 

Romanos 8:18




terça-feira, 15 de abril de 2025

Carta: "Um pouco de leve"

"Cartas Perdidas", Nº 44


Itajubá/MG, 11 de Abril de 2003

Acaso um dia eu estiver triste, profundamente abatido, sem forças pra sorrir, enfadonho com a vida, ou sequer levantar os olhos... por favor, apenas me abrace. Não tente consertar nada, não tente encher as palavras ou conselhos. Não tente! Só me envolve com teus braços e me deixa sentir que o mundo, por um instante, pode parar ali – no teu peito.

Acaso eu parecer louco, perdido em pensamentos desconexos, atitudes impulsivas ou silêncios assustadores... se afaste. Não em desprezo, mas em compaixão. Dê-me o espaço que preciso pra entender meu próprio caos, meu CAOS interno. Porque tua ausência temporária, nesse momento, pode ser o cuidado mais verdadeiro!

Acaso eu queimar em fúria ou paixão, se eu me tornar fogo... encaixe-se em mim com suavidade. Tua presença serena pode ser o meu alívio. Não apague minhas chamas, mas dança comigo nelas, com a delicadeza de quem sabe que também o calor pode acolher.

Acaso porventura eu me mostrar bobo, infantil, ridículo até... finja que não viu. Disfarce com um sorriso, um gesto, um carinho. Me permita ser leve em teus olhos, mesmo que o mundo me leve a sério demais. E se um dia eu estiver morto por dentro, ausente, quebrado… por tudo o que somos e já fomos, eu te peço: não me mate. Não apague de ti a lembrança viva de mim. Pois é dentro de ti que ainda resisto, insisto...que ainda sou!

Mesmo que o mundo acabe, mesmo que tudo ao nosso redor desabe... que eu ainda possa caber dentro do que em ti existe. Dentro do teu silêncio, do teu carinho, da tua memória. Pois há universos inteiros no espaço onde teu coração me abriga. E se tudo se for... que ao menos esse lugar em ti permaneça.

Com amor sempre.

Sempre, e sempre nunca 
Sempre estarei por perto!



Mesmo que eu me perca de mim, queimar ou silenciar,
que o mundo desabe — me guarda em ti, onde ainda existo.


terça-feira, 8 de abril de 2025

Nada se perdeu

"Poesias e Devaneios", Nº 144


Não se perde
o que não foi.
Morte cede,
mas não dói.

Dói o riso
sem calor,
vida é um piso
sem valor.

Nada some,
tudo arde.
Perde o nome
quem não guarde.

Não se ilude,
nem se engana.
Perde a atitude,
morre a chama.

Guarde a alma,
siga em pé.
Perda é calma
quando é fé.

Nada se perdeu
Tudo se perdeu
Eu já te perdi
E já me parti

Não se perde
o que não foi.
Morte cede,
mas não dói.

Mas não dói!



Não se perde
o que não foi.
Morte cede,
mas não dói.

quinta-feira, 27 de março de 2025

Platão de volta à Caverna

"Poesias e Devaneios", Nº 143

Tudo muda, tudo passa, é constante,
Mas às vezes é preciso recuar,
Não por medo, não por ser hesitante,
Mas para melhor se preparar.

Lá fora, Platão, o que encontrou?
Além de dor, ruínas, pranto?
Fogo que arde e tudo queimou,
Deixando no peito um negro manto.

As luzes brilhavam, mas não eram o céu,
E sim as chamas do próprio inferno,
Queimando a pele, rasgando o véu,
Num ciclo cruel, frio e eterno.

Foi você quem se quebrou, quem caiu,
Não os outros, não o destino,
Se entregou à dor, ao desvario,
Agora é sombra no próprio caminho.

Volte à caverna, mas não para estagnar,
Ali se fortalece, ali se refaz,
Pois o fogo ensina, o fogo a forjar,
Espírito forte que ruge voraz.

Pequeno agora, mas logo gigante,
Como o ferro se torna aço no braseiro,
Mundo te espera, segue avante,
Com alma forjada em fogo guerreiro!

AGORA PEQUENO
DEPOIS, GRANDE!


SIC PARVIS MAGNA!

segunda-feira, 17 de março de 2025

O impacto da ausência

"Reflexões Pessoais", Nº 41

A ausência carrega um peso silencioso, um vazio que se instala onde antes havia presença. Não importa quanto tempo passe, há marcas que nunca se apagam, lacunas que nunca se preenchem. Quando alguém que um dia foi importante se ausenta, seja pela distância, pelo esquecimento ou pela fatalidade, a vida parece reorganizar-se em torno desse buraco, mas nunca de fato o preenche.

No início, sentimos a falta como um espinho fincado na pele, uma dor aguda e constante que nos lembra, a cada momento, do que se foi. Com o tempo, o espinho parece se tornar parte de nós, atenuando a dor aparente, mas permanecendo ali, silencioso, sempre pronto a se fazer sentir ao menor toque. Certos lugares, certas músicas, certos cheiros nos transportam para o passado e, por um instante, somos invadidos por aquilo que foi, pelo eco de risadas, por conversas que não mais existem.

Mas há uma ausência ainda mais profunda, mais devastadora: a de si mesmo.

Pouco a pouco, podemos nos perder, como quem caminha sem perceber que está deixando pedaços de si pelo caminho. Cada decepção, cada renúncia, cada silenciamento nos distancia um pouco mais daquilo que já fomos, até que, ao nos olharmos no espelho, mal reconhecemos quem nos encara de volta. A voz que um dia falava com convicção torna-se um sussurro hesitante, e os sonhos que ardiam no peito transformam-se em cinzas de desejos esquecidos.

Perder-se de si mesmo é um processo lento e silencioso, tão imperceptível quanto uma vela se apagando ao longo da noite. No início, são apenas pequenas concessões, pequenos esquecimentos de quem somos. Depois, são escolhas que não nos representam, caminhos que não reconhecemos. Até que, um dia, percebemos que nos tornamos um eco, uma sombra pálida daquilo que um dia fomos.

Talvez a maior luta seja essa: resgatar-se antes que seja tarde. Antes que a própria essência se dissolva na rotina, nos compromissos, nas cobranças. Antes que a ausência de si se torne definitiva. Pois, no fim, não há vazio maior do que olhar para dentro e não encontrar mais nada.

Então, um dia olhamos no espelho e não nos reconhecemos mais. O brilho no olhar se apagou, os sonhos perderam o sentido, os dias se tornaram uma sequência repetitiva de obrigações sem propósito. Não somos mais quem éramos. Restam apenas fragmentos espalhados, pedaços desconexos de uma identidade que se esfarelou ao longo dos anos. O que antes era um ser completo agora é um reflexo distorcido, uma sombra que vaga sem rumo, um eco fraco daquilo que um dia fomos.

Mas será que a ausência realmente existe? Se tudo o que somos, tudo o que vivemos, deixa marcas invisíveis no tempo, então nada jamais se perde por completo. O universo nasceu do vácuo, do aparente nada que, em sua essência, continha todas as possibilidades. O silêncio carrega ecos do que já foi dito, a escuridão guarda vestígios de cada luz que já brilhou, e até mesmo o vazio está repleto de memórias que continuam a reverberar. Assim, a ausência não é um fim, mas uma transição, uma metamorfose da presença em algo que persiste além da forma, além do toque, além do olhar.

Se o universo veio do vácuo e continua em expansão, então não há lacunas definitivas. Da mesma maneira, aquilo que pensamos ter perdido permanece em nós de formas sutis, seja nas lembranças que nos moldam, nas cicatrizes que nos definem, ou nos instantes em que, sem perceber, repetimos gestos, palavras e sentimentos daqueles que partiram. Não somos feitos de ausências, mas de transformações. E, talvez, a maior revelação seja essa: ninguém se perde para sempre, nada some por completo. O que fomos, o que amamos, o que nos tocou... tudo continua existindo, ainda que de uma maneira diferente.

 


"Não existe nada alem de si, pois isso que se tornou: NADA"



sexta-feira, 14 de março de 2025

O Outro "Eu"

"Reflexões Pessoais", Nº 40

O outro eu de cada um é a nossa alma, receptora PASSIVA  de tudo que nosso eu carnal e emocional faz ATIVAMENTE. Só os que CALAM este "eu" PODEM escutar o outro eu que é a alma.  E o mais impressionante. É o outro eu , ALMA, que é o eterno...esse eu aqui é só a chance para que cada um faça o melhor com o pior que lhe suceda. Não como age, mas como reage é o que define quem somos....cale-se e ouça um pouco seu outro eu...

E quando enfim silenciamos, percebemos que esse outro eu sempre esteve ali, observando, sentindo, esperando que a tormenta do externo cessasse para se manifestar. Ele não grita, não impõe, não exige. Apenas sussurra, esperando que a nossa inquietação se dissolva na escuta. Mas poucos ouvem. A maioria se perde no ruído do próprio ego, nas correntes das emoções que oscilam sem rumo, esquecendo-se de que há algo maior, mais profundo, que nunca se abala.

O outro eu não busca glória, não anseia por reconhecimento. Ele apenas quer que aprendamos. Cada dor, cada perda, cada desilusão não são castigos, mas lições. E é na forma como as acolhemos que moldamos nossa essência. Revoltar-se é fácil, mas transformar a ferida em sabedoria exige entrega. Quando aceitamos o pior sem nos tornarmos piores, damos voz ao nosso eu eterno. 

No silêncio, a alma nos revela verdades que o eu terreno teme encarar. Mostra que não somos vítimas, mas autores; que não somos condenados, mas responsáveis. Ensina que nada do que tentamos segurar nos pertence, exceto a forma como nos tornamos diante do que se esvai. Tudo se desfaz, menos a essência que cultivamos no invisível... no íntimo... bem lá no fundo, se escondendo de tudo e todos, e dos espinhos circundantes!

E assim seguimos, entre quedas e recomeços, entre erros e aprendizados, sempre tendo a chance de ouvir ou ignorar. Mas aqueles que ousam calar para escutar, descobrem que o outro "eu" nunca esteve distante. Ele sempre foi o que foi! Sempre esteve aqui...

Sempre estará!


Sempre seremos UM


segunda-feira, 10 de março de 2025

A Terceira Flor

"Poesias e Devaneios", Nº 142

Eram duas,
Mas não só duas,
Eram três,
Uma era nua.

Queria,
Haveria,
Queria haver ou
Haveria um dia?

Quer, ou não quer,
Mas deseja,
E não sabe
Se acende ou queima.

A terceira era,
Para o rio levar,
A terceira nem mesmo
Sabia afogar.

O tempo girava,
Mas nunca voltava,
E o que existia
Já se apagava.

Duas se foram,
Uma ficou,
Ou talvez nenhuma,
O rio levou.

Eram duas,
Mas não só duas,
Eram três,
Uma era nua.

O rio levou...




"Era pra ser mas não era pra existir"

terça-feira, 4 de março de 2025

Há um Peso das Preocupações do Passado, ou Sobre os Anos 2000

"Reflexões Pessoais", Nº 39

De relance olho para os anos 2000 e me pergunto: valeu a pena toda aquela preocupação? E quanta! Todas as noites em claro, os medos exagerados, as inseguranças que pareciam gigantescas? Hoje, com a distância do tempo, percebo que não. E de forma nenhuma! Foi uma perda de energia, de tempo, de momentos que poderiam ter sido vividos com mais leveza. O que parecia crucial na época se dissolveu como fumaça, e tudo o que restou foram as experiências, os aprendizados e, principalmente, a constatação de que muitas das nossas angústias são fabricadas por nós mesmos.

Essa percepção me serve de incentivo hoje, supostamente.. su-pos-ta-men-te! 

Me ensina a não carregar pesos desnecessários, a não me prender tanto ao que não posso controlar. O futuro, que antes era fonte de ansiedade, agora se apresenta como uma estrada aberta, cheia de possibilidades. Aprendi que, em vez de temer o que está por vir, é melhor construir algo sólido no presente, sem deixar que o medo do incerto roube a paz do agora.

Mas a verdade é que, por mais que eu tente me convencer de que a preocupação é inútil, sei que outras virão. A vida nunca se torna mais simples, apenas muda os desafios. O que me tirava o sono no passado pode parecer bobo agora, mas novas preocupações sempre tomam o lugar das antigas, como um ciclo interminável de angústia. Talvez essa seja a natureza da existência: um eterno correr atrás de certezas que nunca chegam.

E se no futuro eu olhar para este momento e perceber que, mais uma vez, desperdicei tempo com esperanças vãs? Talvez a única verdade seja que estamos todos presos a essa ilusão, tentando encontrar sentido em um jogo que nunca esteve sob nosso controle.

Talvez a grande ironia da vida seja justamente essa: a gente passa anos tentando aprender com os erros do passado, tentando evoluir, tentando se libertar dos medos. Mas, no fim, tudo se repete, apenas com novos rostos, novas situações, novos cenários. O sofrimento muda de forma, mas nunca desaparece. A esperança pode ser um combustível, mas também pode ser um fardo, um peso que nos empurra para frente apenas para nos fazer cair no mesmo vazio de sempre.

Então me pergunto: se tudo é passageiro, se as preocupações e esperanças de hoje vão parecer irrelevantes amanhã, qual o sentido de continuar tentando? Mil anos são como um dia? Nascemos como mortos e vivemos como se nunca tivéssemos nascido? Ou será que a única lição real da vida é que não há lição alguma, apenas o inevitável ciclo de nascer, temer, lutar e, por fim, desaparecer? Tudo tem um fim um dia, até nossa respiração!

Tudo tem um fim um dia...


"O futuro vai ser tão brilhante
que nem vamos precisar de olhos para ver"




sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

Maleficência Intrínseca

"Reflexões Pessoais", Nº 38


O ser humano, em sua essência, gosta de se ver como uma criatura movida por sentimentos nobres, por laços profundos, por valores imutáveis. Mas basta um olhar mais atento para perceber que, por trás dessa fachada, há uma engrenagem fria, movida pelo utilitarismo e pela conveniência. O respeito e a utilidade andam lado a lado — e quando um homem deixa de ser útil, ele se torna descartável, uma peça obsoleta em um jogo onde a sobrevivência depende de se manter relevante.

As relações humanas, muitas vezes mascaradas por discursos sobre amor e companheirismo, escondem uma lógica brutal: enquanto houver algo a oferecer, a presença é bem-vinda. Mas basta um momento de fraqueza, uma perda de status ou uma falha imperdoável, e aquilo que antes era valorizado se torna um peso morto. O vínculo que parecia inquebrável se dissolve no ar, como se nunca tivesse existido.

O Amor Ágape — aquele amor incondicional, que resiste ao tempo e às circunstâncias — é um ideal cada vez mais distante. No mundo real, o imediatismo reina. Tudo precisa ser intenso, rápido, descartável. Quem não acompanha esse ritmo frenético é deixado para trás, substituído sem hesitação.

A superficialidade se tornou a regra. Aparências importam mais do que essência, e a profundidade das conexões é sacrificada em nome de prazeres momentâneos. O resultado? Uma humanidade cada vez mais vazia, girando em torno de si mesma, incapaz de construir algo que dure além do próprio reflexo.

A ironia é que, ao descartar o outro, o ser humano também se condena. Quem faz do mundo um jogo de interesse se torna vítima das próprias regras. Um dia, todos são jovens e desejados; no outro, são apenas memórias esquecidas. Aqueles que usaram outros como degraus para subir encontram, no fim, apenas o vazio de uma escada sem destino.

O que resta para quem vive apenas de conveniências? O tempo, implacável, cobra seu preço. E quando a utilidade se esgota, quando os rostos novos substituem os antigos, quando não há mais nada para oferecer... o que sobra? Apenas a fria indiferença do mundo, refletindo de volta tudo aquilo que foi cultivado. 

Apenas um grande NADA! E todos nós nos afogaremos na mediocridade.


"O perigo e falsidade dos amores falsificados
existem na proporção direta de sua beleza e fascínio."





quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

NEOQEAV

"Poesias e Devaneios", Nº 141

Você, que o tempo levou,
Tua sombra ficou.
O teu nome, vento soprou,
e a saudade ficou!

Riso brando, muito distante,
um eco preso, paira no ar.
Teu olhar doce e errante,
que não canso de buscar.

Horas giram sem pressa,
Na torre que tudo vê.
O tempo sempre atravessa,
mas não leva o que é de fé.

Vento, lembranças,
como folhas pelo chão.
E nelas dançam esperanças,
de um passado em vão.

Se a vida apaga pegadas,
como areia beira-mar,
por que nas noites caladas
teu abraço vem me achar?

Se o tempo apaga traços,
do que fomos um dia,
por que ainda nos meus braços
teu abraço é poesia?

Mas saudade pesa!
feito a brisa, não se vai.
Teu perfume, um jeito perfeito,
de prender no que já não cai.

Mesmo que tempo insista,
a te levar para tão longe,
tua voz na lembrança persista,
feito um sonho que me esconde.

Se a vida apaga pegadas,
como areia beira-mar,
por que nas noites caladas
teu abraço vem me achar?

Me sobra pouco assim
Apenas lembranças vãs
Mas uma sigla enfim
NEOQEAV


 


"Nunca esqueça o quanto..."

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Sem a Espera

"Poesias e Devaneios", Nº 140


Sem a espera
Não há decepção
Sem o pecado
Não há condenação

Sem a promessa,
Não há traição.
Sem chama acesa,
Não há escuridão.

O tempo que varre,
E apaga os rastros,
O ontem some
Em ventos tão vastos.

O eterno que falha,
O sonho que esfria,
Ainda há um brilho
Dentro da nostalgia.

No vão dos dias,
A vida ensina:
Nada é pra sempre,
Somente a rotina.

Mas se há recomeço,
Há nova estrada,
Mesmo que o "pra sempre"
Seja cilada.

Mas sem a espera
Não há decepção
E sem o pecado
Não há condenação!


O "pra sempre" é uma ilusão que se desfaz no tempo,
mas recomeços são inevitáveis.


terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

Recomeços

"Poesias e Devaneios", Nº 139 


O "pra sempre" não é mais do que uma ideia que se desmancha,
um eco distante que atravessa noites silenciosas.
As promessas, tão cheias de certeza no momento,
acabam se dissolvendo no turbilhão da vida,
deixando apenas aquele vazio desconfortável.

O tempo, com sua sabedoria implacável,
não poupa ninguém: ele desfaz até o eterno.
Aquilo que parecia sólido, fervoroso,
vira sombra, um rastro pálido de um amor que já foi.

O "pra sempre" é como um oásis no deserto,
algo que a gente quer tocar, mas que desaparece na aproximação.
E mesmo assim, a gente se apega,
como se pudesse escapar das mãos impiedosas do tempo.

Mas no fim, resta apenas a lembrança,
um sussurro antigo perdido no vento.
E mesmo que doa, ainda insistimos,
pois há beleza no que é passageiro.

O "pra sempre" não morre, só adormece,
nas entrelinhas de cartas esquecidas.
E às vezes, em um suspiro distraído,
ele desperta, mesmo que por um instante.

E o vazio que sobra não é só dor.
É também espaço — espaço para o novo,
para renascer e reaprender a viver,
porque talvez o único "pra sempre" que existe
seja o ciclo constante de recomeços.




Porque talvez o único "para sempre" real
seja o eterno ciclo de recomeços.


sábado, 15 de fevereiro de 2025

Moirai

"Poesias e Devaneios", Nº 138


Um grito ecoou na caverna sombria,
o povo assustado não quis avançar.
O fazendeiro, com sua ousadia,
resolveu sozinho o mistério enfrentar.

Uma lâmina firme, a luz tremulante,
passos incertos na escuridão.
Viu um homem, olhar vacilante,
sangue tingindo sua própria mão.

O vulto fugiu sem qualquer resposta,
mas um novo grito logo chamou.
No chão de pedra, mulher exposta,
o sangue em seu corpo a vida roubou.

"Saia daqui!" gritou, agonizando,
antes que a morte a viesse buscar.
Seu sangue no homem foi respingando,
a lâmina rubra, sem nada cortar.

Correu para fora, buscar solução,
mas no caminho alguém o parou.
“Explique-se já!” veio a acusação,
e o medo seu peito apertou.

A lâmina fria cravou-se em seu peito,
a vida esvaiu-se sem nem compreender.
O destino, cruel, lhe armou um enredo,
onde inocentes não podem vencer.

O chão gelado acolheu seu fim,
No breu da gruta, silente e ruim.
Sem voz, sem culpa, sem direção,
Morreu na sombra e sem acusação.

"Nada mais via ou sentia, seu coração parou 
e tudo acabou ali."



quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

RMS

"Poesias e Devaneios", Nº 137

O oceano está frio, sem calor,
E eu fico aqui, sem muito a dizer,
O vento corta, sinto o rancor,
O frio cresce, difícil de entender.

Eu quero saber até onde vamos,
Reclamar e cobrar o que é nosso,
Daquela companhia, que nunca nos damos,
Por que aceitá-la, sendo um poço de desgosto?

O mar não mente, ele só avisa,
Que o tempo de espera está se esgotando,
E quem cala, quem finge que improvisa,
Está vendo o futuro desmoronando.

A maldita espera nos faz pensar,
Que o certo não é mais tão seguro,
Mas mesmo assim, continuamos a lutar,
No frio que nos envolve, ainda é puro.

O oceano, esse grande segredo,
Fala sem palavras, mas com força imensa,
E no fim, sabemos, é só o que ficou,
A luta pelo certo, por mais que o medo faça suspense.


"E no fim, sabemos, é só o que ficou,
A luta pelo certo, por mais que o medo faça suspense."

quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

Ostrakon

"Poesias e Devaneios", Nº 136

Sonhei com as maravilhas da vida!
Guardadas nos corações aquecidos pelo amor,
Nos gestos silenciosos das almas sóbrias,
Que, um dia, conheciam o sabor da completude.

Busco as revelações que os sagrados murmúrios
Derramaram sobre os imprudentes em suas brasas frias,
Sob raios de sol que se dissipam como ecos,
Sobre lagoas de sangue negro e folhas de faia no outono.

Mas tudo se residirá no esquecimento!
O sofrimento eterno nasce na ignorância dos homens,
Que escavam em seus corações apenas para encontrar
A ilusão de uma riqueza em um mundo que sangra.

Esfolam seu dorso com facadas de prata,
Agradecendo com brutalidade a dor que lhes fere,
Enquanto tudo que possuem se desfaz como névoa,
E o tempo os lança ao vazio de sua própria sombra.

A beladona dança entre as piscadas honestas,
Sombras destilando pragas recém-nascidas,
O calor que devora é o ventre dos antigos sonhos,
Antes que a maldade moldasse seu rosto eterno.

Mas tudo se residirá no esquecimento!
O sol bate como tambores nos corações,
Um som surdo devorando a memória,
Um ruído que consome o próprio eco!

Me esqueçam! Me esqueçam! Me esqueçam!

Gravem meu nome em uma concha maldita,
E peço apenas o mais sublime presente:
O alívio sereno do esquecimento absoluto.
Pra quem merece, pra quem merecerá!

E assim proclamo: tudo será esquecido!
E em um grito que rompe o silêncio,
Rogo mais uma vez:
Me esqueçam! Me esqueçam! Me esqueçam!

E pra que, a ultima vez, não fui claro o suficiente:

Me esqueçam! Me esqueçam! Me esqueçam!



"Gravem meu nome em uma concha maldita!"






sábado, 4 de janeiro de 2025

Siga sua vida, vá pra casa!

"Poesias e Devaneios", Nº 135

Vá, vá em frente, siga sua missão,
Aos poucos, todos mostram quem são.
Seja firme, não se deixe enganar,
Os falsos sempre acabam por se revelar.

Deixe a luz em seu peito brilhar,
Seja você, não tente mudar.
A liberdade é sua, abrace com fervor,
E use Deus como seu condutor.

Caminhe ao Ilê, seu destino buscar,
Não deixe ninguém sua mente dobrar.
Faça do seu coração seu verdadeiro lar,
E da sua força, um farol a iluminar.

Não se prenda às correntes da ilusão,
Seja o dono único do seu coração.
A verdade em você é a maior vitória,
Escreva com coragem a sua história.

Então vá, sem medo, com fé no olhar,
A estrada é sua, não deixe de andar.
Seja você, no caminho ou na solidão,
Deus te guiará, és tua própria razão.

Vá, vá em frente, siga sua missão,
Aos poucos, todos mostram quem são.
Seja firme, não se deixe enganar,
Os falsos sempre acabam por se revelar!



Ogum onilê...Onilê Ogum
A boa do Ilê...Onilê Ogum