"Cartas Perdidas", Nº 44
Acaso um dia eu estiver triste, profundamente abatido, sem forças pra sorrir, enfadonho com a vida, ou sequer levantar os olhos... por favor, apenas me abrace. Não tente consertar nada, não tente encher as palavras ou conselhos. Não tente! Só me envolve com teus braços e me deixa sentir que o mundo, por um instante, pode parar ali – no teu peito.
Acaso eu
parecer louco, perdido em pensamentos desconexos, atitudes impulsivas ou
silêncios assustadores... se afaste. Não em desprezo, mas em compaixão. Dê-me o
espaço que preciso pra entender meu próprio caos, meu CAOS interno. Porque tua
ausência temporária, nesse momento, pode ser o cuidado mais verdadeiro!
Acaso eu
queimar em fúria ou paixão, se eu me tornar fogo... encaixe-se em mim com
suavidade. Tua presença serena pode ser o meu alívio. Não apague minhas chamas,
mas dança comigo nelas, com a delicadeza de quem sabe que também o calor pode
acolher.
Acaso
porventura eu me mostrar bobo, infantil, ridículo até... finja que não viu.
Disfarce com um sorriso, um gesto, um carinho. Me permita ser leve em teus
olhos, mesmo que o mundo me leve a sério demais. E se um dia eu estiver morto
por dentro, ausente, quebrado… por tudo o que somos e já fomos, eu te peço: não
me mate. Não apague de ti a lembrança viva de mim. Pois é dentro de ti que
ainda resisto, insisto...que ainda sou!
Mesmo que
o mundo acabe, mesmo que tudo ao nosso redor desabe... que eu ainda possa caber
dentro do que em ti existe. Dentro do teu silêncio, do teu carinho, da tua
memória. Pois há universos inteiros no espaço onde teu coração me abriga. E se
tudo se for... que ao menos esse lugar em ti permaneça.
Sempre, e sempre nunca

Mesmo que eu me perca de mim, queimar ou silenciar,
que o mundo desabe — me guarda em ti, onde ainda existo.
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