sexta-feira, 18 de julho de 2025

Impronunciável

"Poesias e Devaneios", Nº 147

Deitados, teu corpo no meu repousava,
O silêncio dizia o que a voz não ousava.
Olhávamos juntos o nada no além,
Como viemos parar aqui, ninguém tem.

Não foi o espaço que nos aproximou,
Mas o tempo estranho que nos alinhou.
Partículas soltas, em rota desigual,
Tocando-se agora num gesto vital.

O suor amargo, mistura febril,
Tinha o sabor do prazer sutil.
Nosso amor, em um ápice doce e cru,
Explodia em silêncio, nu contra nu.

Queríamos dizer, mas não havia som,
A língua falha onde o pulso dá tom.
E assim calamos, com o peito a gritar,
O que só um coração pode sussurrar.

Então aceitamos, sem mais tradução,
Que há coisas que vivem só na pulsação.
Não se dizem com fala ou razão exata,
Mas brilham no toque de alma entrecortada.

E nesse silêncio, selamos o final,
Com um suspiro longo, quase imortal.
No compasso do peito, um sussurro instável
NEOQEAV, impronunciável.
NEOQEAV, impronunciável!
NEOQEAV



NEOQEAV

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