quarta-feira, 23 de abril de 2025

Sementes da Glória

"Poesias e Devaneios", Nº 145

Dias cinzentos, dor e espinho,
Caminho de fé, mesmo sozinho.
Pois sei que há luz além da estrada,
Promessa viva, jamais apagada!

Lágrima hoje, que ao chão se lança,
Manhã vestida, viço e esperança.
O pranto que agora que, o peito invade,
É só prelúdio da eternidade.

A Palavra fala com doce firmeza:
Que a dor não vence a real beleza.
A glória espera, pura, escondida,
Por trás da Cruz, renasce a vida.

E quando a alma estiver cansada,
Sem cor, sem norte, sem nem ter mais nada,
Lembrarei: há de haver manhãs serenas,
E risos brotarão de nossas penas.

Sim, um dia, com alma leve e sã,
Riremos juntos da dor tão vã.
Pois cada queda, cada ferida,
Foi como degrau para eterna vida...

Pois cada queda, cada ferida,
Foi como degrau para eterna vida!


Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente
não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada. 

Romanos 8:18




terça-feira, 15 de abril de 2025

Carta: "Um pouco de leve"

"Cartas Perdidas", Nº 44


Itajubá/MG, 11 de Abril de 2003

Acaso um dia eu estiver triste, profundamente abatido, sem forças pra sorrir, enfadonho com a vida, ou sequer levantar os olhos... por favor, apenas me abrace. Não tente consertar nada, não tente encher as palavras ou conselhos. Não tente! Só me envolve com teus braços e me deixa sentir que o mundo, por um instante, pode parar ali – no teu peito.

Acaso eu parecer louco, perdido em pensamentos desconexos, atitudes impulsivas ou silêncios assustadores... se afaste. Não em desprezo, mas em compaixão. Dê-me o espaço que preciso pra entender meu próprio caos, meu CAOS interno. Porque tua ausência temporária, nesse momento, pode ser o cuidado mais verdadeiro!

Acaso eu queimar em fúria ou paixão, se eu me tornar fogo... encaixe-se em mim com suavidade. Tua presença serena pode ser o meu alívio. Não apague minhas chamas, mas dança comigo nelas, com a delicadeza de quem sabe que também o calor pode acolher.

Acaso porventura eu me mostrar bobo, infantil, ridículo até... finja que não viu. Disfarce com um sorriso, um gesto, um carinho. Me permita ser leve em teus olhos, mesmo que o mundo me leve a sério demais. E se um dia eu estiver morto por dentro, ausente, quebrado… por tudo o que somos e já fomos, eu te peço: não me mate. Não apague de ti a lembrança viva de mim. Pois é dentro de ti que ainda resisto, insisto...que ainda sou!

Mesmo que o mundo acabe, mesmo que tudo ao nosso redor desabe... que eu ainda possa caber dentro do que em ti existe. Dentro do teu silêncio, do teu carinho, da tua memória. Pois há universos inteiros no espaço onde teu coração me abriga. E se tudo se for... que ao menos esse lugar em ti permaneça.

Com amor sempre.

Sempre, e sempre nunca 
Sempre estarei por perto!



Mesmo que eu me perca de mim, queimar ou silenciar,
que o mundo desabe — me guarda em ti, onde ainda existo.


terça-feira, 8 de abril de 2025

Nada se perdeu

"Poesias e Devaneios", Nº 144


Não se perde
o que não foi.
Morte cede,
mas não dói.

Dói o riso
sem calor,
vida é um piso
sem valor.

Nada some,
tudo arde.
Perde o nome
quem não guarde.

Não se ilude,
nem se engana.
Perde a atitude,
morre a chama.

Guarde a alma,
siga em pé.
Perda é calma
quando é fé.

Nada se perdeu
Tudo se perdeu
Eu já te perdi
E já me parti

Não se perde
o que não foi.
Morte cede,
mas não dói.

Mas não dói!



Não se perde
o que não foi.
Morte cede,
mas não dói.