sábado, 7 de setembro de 2024

Carta: "Deus ex machina"

Série "Cartas Perdidas", Nº 43


Sao Paulo, 07 de Setembro de 1994

"Ontem, quando conversamos, eu te disse algo que venho sentindo há algum tempo: eu não espero mais por um deus ex machina. Não espero mais por aquele milagre que surge do nada, resolvendo tudo de repente. Não agora, não mais. Já vivi esse tipo de coisa antes, e foi bom, muito bom. Era como se tudo se alinhasse, como se o universo conspirasse a meu favor. Mas, hoje, não espero mais por isso.

Houve épocas em que me deparei com pessoas que, de alguma maneira, me salvaram. Chegaram em momentos críticos, me tiraram de abismos emocionais ou me deram forças quando eu já não tinha mais nenhuma. Foram relacionamentos intensos, cheios de paixão e de uma espécie de urgência, como se fossem a última chance de encontrar sentido em tudo. E, naquele momento, fizeram sentido. Foi profundo, arrebatador. Eu me joguei de cabeça, e vivi tudo o que havia para viver.

Mas agora, algo mudou. Meu tempo para esperar que alguém me salve acabou. Não que eu tenha perdido a fé em encontros transformadores ou que tenha me fechado para novas experiências. Não é isso. Mas, hoje, eu entendo que a vida não é sobre ser resgatado por outra pessoa. Não é mais sobre depender de um "salvador" que vai chegar e mudar tudo de repente. Cheguei num ponto em que percebo que a solução não está fora de mim.

Eu olho para trás e vejo que, muitas vezes, eu esperei que outros me tirassem do caos interno. Coloquei expectativas em amores e pessoas, esperando que elas fossem a resposta para o vazio que sentia. E, por um tempo, isso funcionou. Mas com o tempo, percebi que não é justo, nem comigo, nem com o outro. A verdadeira transformação não acontece quando alguém entra na nossa vida para nos salvar. Ela acontece quando decidimos nos salvar.

Sigo em frente, sem esperar que algo ou alguém me tire de onde estou. Porque, no fundo, não é sobre ser salvo. É sobre caminhar, sentir o chão firme, encontrar sentido na jornada, mesmo sem as grandes reviravoltas que costumavam me mover.

Espero que isso faça sentido para você. Porque, para mim, faz!

Com carinho!"


Não é mais sobre esperar o inesperado ou ansiar por uma solução mágica. 
É sobre caminhar com as próprias pernas, sentir o peso do chão



sexta-feira, 6 de setembro de 2024

Saudade virá, eu sei que sim

Série "Poesias e Devaneios", Nº 122

Saudade virá, eu sei que sim, 
Mas hoje não, ainda não chegou.
Vento no rosto, sopra, assim.
E o tempo, por ora, nem me tocou.

Ela virá, mas por enquanto, espero, 
Sem pressa, sem dor rodear. 
Cedo demais, e eu, sincero, 
Nem ao menos tentei, me preocupar.

Não ainda liguei, memórias distantes, 
Nem para os dias que já se foram. 
Hoje só os momentos, que são errantes, 
E não há, ainda espaços que choram.

Sei que a saudade virá, impiedosa, 
Trazendo consigo o peso do tempo. 
Mas por ora, a vida é leve e fogosa, 
E a ausência não rouba meu alento.

Então deixo que o tempo corra por mim,
A saudade virá, mas não cedo assim.
Hoje sou leve, sem pensar no fim,
E o coração, por ora, nem sempre diz "sim".


"Quem olha para o vento nunca semeará, 
e quem olha para as nuvens nunca colherá"




segunda-feira, 2 de setembro de 2024

Carta: "NEOQUEAV"

Série "Cartas Perdidas", Nº 42

Pouso Alegre/MG, 10 de Outubro de 1992

Quanta saudade!

Ah baby... Apenas um dia se passou, mas a saudade já habita. Mesmo que a distância nos separe fisicamente, sinto que nossa conexão cresce a cada dia, superando qualquer barreira. Lembra daquela vez em que criamos uma sigla para expressar o que sentimos? Na verdade, foi você quem inventou. NEOQUEAV. Para muitos, essas palavras podem não fazer sentido, e nunca farão, mas para nós, carregam todo o peso e profundidade de um sentimento verdadeiro! Em meu coração, os sentimentos sempre vieram e foram, e por muito tempo me cansei de perder. Mas, de alguma forma, eu sabia que não seria sempre assim, que em algum lugar, alguém como você me esperava.

Mesmo distantes, estamos sempre juntos em pensamento. Obsessivamente, me pego revivendo nossas lembranças, aqueles momentos em que nos olhávamos e tudo ao redor desaparecia. Quero te dizer que, mesmo em meio às incertezas, como quando estou olhando pela janela do apartamento e, logo depois, correndo para posar em uma foto imbecil na linha do trem, eu quase deitei lá aliás... um pedaço de mim sempre estará contigo. Essa é a verdade que carrego no coração: além de qualquer dúvida, você é e sempre será... sempre! É você.

Eu, tantas vezes escondido, encontrei em você a coragem para pedir: me fala de sentimento, me faz ser feliz. A cada palavra e gesto seu, percebo que você sabe como manter vivos os sentimentos que vêm e vão, mesmo com a distância e o tempo. Você dizia que minhas palavras são sem sentido, mas sem sentido é achar que a Rede Globo faz algum sentido! Plantão da Globo! Vai ter impeachment do Presidente? Não sei! Eu sempre odiei o Collor e você sabe!

Cada letra dessa sigla é um lembrete de que nosso sentimento efusivo não conhece fronteiras. Ele é feito de conversas longas ao telefone, de cartas trocadas, de olhares que se encontram às vezes. Quando o mundo parecer demais, quando a Lua for fria e o Sol fugaz, saiba que, se precisar se esconder, eu te escondo, porque nossa conexão é mais forte do que qualquer tempestade. Eu estou aqui e você sabe!

Anseio pelo dia em que essa distância será apenas uma lembrança, e finalmente poderemos estar lado a lado, sem precisar nos despedir. Até lá, guardo nossa sigla no peito, como um amuleto que me dá força para continuar, porque sei que preciso de você! Minha querida Baby... NEOQUEAV!

NEOQEAV


quarta-feira, 21 de agosto de 2024

Carta: "Perdeu algo recentemente?"

Série "Cartas Perdidas", Nº 41


Blumenau/SC, 14 de março de 2002

"Boa noite, ou talvez bom dia. Não sei quando ou como você encontrará estas palavras, mas o que importa é que eu tente descrever o que sinto.

Escrevi estas linhas instantes após ter te visto. Dessa vez, você estava radiante, com um sorriso que parecia iluminar o universo. Isso torna ainda mais agoniante esconder o que sinto — é como tentar tampar o sol com uma peneira.

Não foi por acaso que inventei uma desculpa tão frágil para ir até a sua casa. O pretexto era devolver um documento — uma tarefa trivial e sem importância.

Você deve ter deixado o documento cair perto do meu trabalho. Mas o destino, com sua ironia cruel, não só me fez cruzar seu caminho como também me fez segurar algo que você havia perdido.

Você realmente acredita que fui lá apenas para entregar seu documento? Sério?

Ao te ver, senti como se eu me desfizesse em paixão. Foi quase impossível conter meus sentimentos, mas ao mesmo tempo, me senti leve, como uma pluma ao vento.

E quando perguntei: "Você por acaso perdeu algo recentemente?", o que eu realmente queria dizer era muito mais profundo, muito mais intenso do que essas palavras podem revelar.

No final, o que resta é a dura realidade de que essas palavras podem nunca alcançar você. O que sinto pode ser apenas um impulso passageiro, perdido no fluxo do tempo. E eu, no fim das contas, acabarei me dissipando também, como algo que o tempo não consegue manter. Se isso for o custo, então que assim seja. A verdade é que, no fundo, temo que a realidade acabará por apagar até as lembranças do que poderia ter sido."

"No final, o que sentimos pode se perder e ser esquecido com o tempo."



sexta-feira, 16 de agosto de 2024

Carta: "A Vida de Uma Só Noite"

Série "Cartas Perdidas", Nº 40


Cianorte/PR, 10 de Setembro de 2003

"Quando te vi, já soube. Já sabia, era como se lhe conhecesse, como se fôssemos íntimos, do zero até meus trinta e alguns anos.

Ante a isso, voltemos algumas horas, ou dias, não sei ao certo, mas fácil sei que não foi. Procurar você, achar você, TER você. Não foi. Nunca tive de fato.

Talvez porque, no fundo, eu soubesse que você nunca seria, que éramos destinados a nos cruzar, a nos reconhecer, mas não a nos possuir. Esse sentimento de familiaridade, de pertencimento, era um reflexo do que poderia ter sido, uma vida paralela onde nossos caminhos se entrelaçaram desde o começo, mas que, nesta realidade, se limitou a um encontro tardio, cheio de anseios e frustrações.

Eu queria acreditar que bastava querer, bastava lutar, que o destino seria apenas uma questão de persistência. Mas o tempo, cruel como é, não espera por sonhos irrealizáveis. Ele segue seu curso, indiferente às nossas vontades, deixando-nos apenas com o eco do que poderia ter sido. E nesse eco, nessa distância entre o que sonhei e o que vivi, fica a amarga constatação: NUNCA tive você, e talvez seja melhor assim!

Porque, de alguma forma, você permanece idilicamente perfeita em minha mente, intocada pela realidade. Uma lembrança de algo puro e intangível, que a vida real jamais poderia corroer. 

No fundo, talvez eu sempre soubesse que o nosso "nós" estava destinado a ser assim, um eterno "quase", uma melancólica lembrança do que nunca foi.

E assim, sigo, na ilusão confortável de que, em algum lugar, em algum tempo, ainda SOMOS!"



Destinados a se encontrar, mas jamais a pertencer um ao outro.








quinta-feira, 15 de agosto de 2024

Eu Me Apaixonei Pelo Brilho da Morte

Série "Poesias e Devaneios", Nº 121

Com duros golpes de marreta
Abri a caixa de Pandora,
E o brilho que ali se agita
Fez da curiosidade, senhora.

Tão belo pó, azul cintilante,
Como o belo céu em plena aurora,
O que parecia encanto radiante
Morte certeira que a todos devora!

Tocando mão nua, perigo sem saber,
A cidade dormia, lívida desprevenida,
Enquanto o veneno a se esconder
Corria nas veias, a vida perdida.

O pó virou praga, sem face, sem voz,
Levou consigo sorrisos e sonho,
No silêncio pesado, restamos sós,
Num lamento que até hoje componho.

Goiânia, marcada pela dor e agonia,
Com o pó que brilhou em seu seio,
A esperança murchou em um dia,
E no brilho azul, o derradeiro enleio.

Como a mariposa que busca a luz,
Mas o que pensei ser um golpe de sorte,
Foi o abraço frio que tudo seduz
Eu me apaixonei pelo brilho da morte!


"Eu Me Apaixonei Pelo Brilho da Morte" foi uma frase dita por Devair Alves Ferreira,
uma das vítimas do Acidente Radiológico de Goiânia, 
amplamente
c
onhecido como "acidente com o césio-137", ocorrido em 1987.









sexta-feira, 9 de agosto de 2024

Suco de sofisma , Mel demagogia

Série "Poesias e Devaneios", Nº 120

Suco de sofisma,
Mel, demagogia.
Paz, sangra guerra,
Falso amor, só verte a dor!

Sorriso, disfarce frio,
Olhar, escuridão,
Abraços, me desvio,
A mente, contradição.

Toque é macio,
Mas fere como espinho,
Amor, doce vazio
Se perde em teu caminho

Abraço, suave laço,
Que aos poucos me desfaz,
Ilusão, sigo o traço,
De um amor que já não traz.

Suco de sofisma,
Mel, demagogia.
Paz, sangra guerra,
Falso amor, só verte a dor!


"Tu que viestes de longe, enfrentastes muitas batalhas, que derramaste
teu sangue por essas terras, numa terra imaginária ou real.
Tu que roubaste meu olhar de uma vez por todas."




domingo, 4 de agosto de 2024

Arrepende!

Série "Poesias e Devaneios", Nº 119

Arrepende!
E chora
Senta
Demora
Pensa
Enrola
Sofre
Esnoba

Arrepende!
E não liga
Aprende
E nega
Esquece
Tripudia
Duvida
Desengana

Arrepende!
E ausenta
Caminha
Corre
Para
Senta
Olha
Nega

Arrepende!
E sofre
Justifica
Argumenta
Responde
Não fala
Fala
Talvez fala
Emudece...


A flecha do tempo segue num só sentido...



quarta-feira, 31 de julho de 2024

Carta: "A última do Século"

Série "Cartas Perdidas", Nº 39 

São Paulo, 29 de dezembro de 1999

"Te amo tanto... 

Forma estranha de iniciar né? Mas consiste na verdade. Estamos em 1999, à beira de um novo milênio, mas ainda vivemos em uma era onde os seres humanos têm sentimentos. Ou, pelo menos, eu ainda tenho, eu creio ter!

Sei que hoje inexiste reciprocidade de sua parte, mas mesmo assim, senti a necessidade de lhe escrever. Já falei sobre isso para outras pessoas, mas agora estou lhe dizendo diretamente: nós combinamos totalmente em quase tudo. Só faltou aquele detalhe, fatores tão externos à nossas vidas rotineiras, tão distante... mas isso é algo inevitável.

Ainda penso em ti e há possibilidade de nunca deixar de pensar. Nunca mesmo. Cada momento, conversa, riso compartilhado, tudo permanece vivo em minha memória. Mesmo que nossos caminhos tenham se separado, o que sinto não mudou e nunca mudará.

Lembro-me de quando nos conhecemos, como tudo parecia tão perfeito. A maneira como você sorria, seu olhar iluminava o ambiente, nossas conversas fluíam naturalmente. Parecia que havíamos encontrado em cada um o complemento perfeito. A sintonia era inegável, e a conexão, profunda! E que conexão!

No entanto, a vida tem suas próprias formas de testar os laços, e no nosso caso, a política foi o obstáculo. É engraçado como algo tão externo pode impactar tão profundamente uma relação que, de outra forma, seria perfeita. Mas sei que cada discussão, cada desacordo, só reforçou o quanto nos importávamos um com o outro, mesmo quando estávamos em lados totalmente opostos.

Enquanto o novo milênio se aproxima, reflito sobre o que poderia ter. A distância e o tempo podem mudar muitas coisas, mas não podem apagar o que sentimos e vivemos. Sempre haverá um lugar especial em meu coração reservado para ti, independentemente do que o futuro traga.

Quero que saiba que te desejo tudo de melhor. Que você encontre felicidade, amor e realização em tudo o que fizer. E, quem sabe, nossos caminhos possam se cruzar novamente em algum ponto do futuro, talvez em circunstâncias muito diferentes, onde possamos redescobrir tudo que uma vez compartilhamos.

Com todo o meu carinho e amor"


"E, quem sabe, nossos caminhos possam se cruzar novamente em algum ponto do futuro,
talvez em circunstâncias muito diferentes..."



terça-feira, 23 de julho de 2024

Saudade única, Saudade Válida

Série "Poesias e Devaneios", Nº 118

Saudade única, saudade válida,
Que no peito sempre arde,
Tua presença era sólida,
Brisa de uma bela tarde

Noites calmas, teu sorriso,
Ecoa como canção,
No coração, paraíso,
Feito pura emoção.

Teus olhos cintilantes,
Iluminam o meu ser,
Em sonhos bem distantes,
Saudade fez doer.

Cada lembrança, um tesouro,
Guardado com devoção,
Teu nome, meu porto seguro,
És bela, minha paixão.

Mesmo na ausência, 
És, tanto, minha guia,
Saudade, encontro abrigo,
Teu coração, melodia

Saudade única, verdadeira,
Que no peito sempre arde,
Tua presença era inteira,
Brisa de uma bela tarde

Tua presença era inteira,
Brisa de uma bela tarde...



"Começou como terminou e terminou sem começar...Começou sem terminar e sem fim ficará."



segunda-feira, 22 de julho de 2024

Uma Noite de Renúncias

Série "Diálogos Efêmeros", Nº 4

Ela suspirou e interrompeu a fala dele com um olhar vazio, sem a menor vontade de prolongar a conversa. Ele, percebendo a frieza, afastou-se um pouco, sentindo a distância crescer entre eles. O silêncio pairou, carregado de ressentimento, com as mãos dos dois permanecendo imóveis, sem desejo ou carinho. Quando finalmente ela tomou coragem para falar, seus olhos evitavam os dele e disse:

_Acho que já não temos mais nada a dizer. Desde o momento em que percebi quem você realmente é, soube que nosso tempo juntos estava acabando. Não faz sentido prolongar essa dor.

Ele, com um amargo sorriso nos lábios, respondeu:

_Talvez você esteja certa. Sempre soube que havia algo errado entre nós, mas nunca imaginei que terminaria assim. Não quero mais prolongar essa agonia, esse desgaste.

Ela assentiu, as lágrimas que ameaçavam cair eram de frustração, não de emoção. Com a voz embargada pelo desânimo, ela completou:

_Quero que isso acabe logo. Estou cansada de tentar, de fingir que está tudo bem.

Ele, resignado, deu um último beijo em sua testa, mas sem ternura, apenas um gesto mecânico, e disse:

_Eu não te agradeço por nada disso. Tudo foi apenas hipocrisia e ilusão. Você é ilusão.

Ele virou as costas, então ela disse:

_Eu me arrependo de termos chegado a esse ponto. Não consigo ser como outrora, e nada voltará a ser como antes. Preciso seguir em frente sozinha.

Ele soltou um suspiro pesado, o coração apertado, mas sem a sensação de felicidade. Redarguiu, com uma voz firme:

_Farei o necessário para esquecer isso tudo. Não há mais amor, se é que houve algum dia, e quero deixar isso claro todos os dias da minha vida.

Ela virou as costas e foi embora, sem olhar para trás. Ele ficou ali, vendo-a se afastar, o coração carregado de um pouco de tristeza muito ressentimento, sabendo que aquilo era realmente o fim, ou talvez o começo...


Não há ninguém aqui, nunca houve!


sexta-feira, 19 de julho de 2024

Uma Noite de Promessas

Série "Diálogos Efêmeros", Nº 3

Ela sorriu e interrompeu a fala dele com um beijo apaixonado, cheio de desejo e carinho. Ele retribuiu com a mesma intensidade, agarrando-a pela cintura e puxando-a para si. O beijo se prolongou, com as mãos dos dois explorando o corpo um do outro. Quando finalmente se separaram para recuperar o fôlego, ele a olhou nos olhos e disse:

_Eu te amo. Desde o momento em que pus os olhos em você, soube que você seria a pessoa certa para mim. E agora que finalmente temos a chance de ficarmos juntos, não quero perder mais tempo.

Ela sorriu, sentindo as lágrimas de emoção brotarem em seus olhos, e em voz embargada respondeu:

_Eu também te amo. Sempre soube que tinha algo especial entre nós, mas nunca imaginei que seria assim. Quero ficar com você, ser sua namorada, sua parceira, sua amante. Quero explorar cada canto do seu corpo, descobrir seus segredos e compartilhar os meus. Quero ser feliz ao seu lado, e fazer você feliz também.

Ele sorriu, beijando-a novamente, desta vez com mais calma e ternura. Os dois se entregaram ao momento, esquecendo do mundo ao redor. Quando finalmente se separaram novamente, ela o abraçou forte e disse:

_Obrigada por me fazer sentir viva novamente. Eu estava tão perdida, tão sem rumo, e você me mostrou um caminho. Não quero mais ficar sozinha, quero ficar com você."

Ele beijou o topo de sua cabeça, sentindo o coração transbordar de felicidade, redarguindo:

_Eu prometo fazer tudo que estiver ao meu alcance para te fazer feliz. Eu te amo, e quero te mostrar isso todos os dias da minha vida."



O amor verdadeiro é tão insolitamente improvável e fantasmagoricamente
ilusório quanto o "calor" do luar de uma noite de inverno.



terça-feira, 16 de julho de 2024

Carta: "Despedida Hipócrita"

Série "Cartas Perdidas", Nº 38

São João Del Rei/MG, 07 de Junho de 1964

"Estimado

Venho, por meio desta, expressar minha profunda gratidão por tudo o que vivemos e compartilhamos. Agradeço sinceramente por todos os esforços despendidos e por cada momento inesquecível que passamos juntos. Foram tempos verdadeiramente memoráveis...

Todavia, venho com pesar anunciar que, infelizmente, não podemos mais prosseguir. Cheguei à conclusão irrevogável de que não desejo mais seguir. Suplico que respeite minha decisão.

Confesso que me preparei para ir ao seu encontro! Fui até a estação, mas, no momento decisivo, encontrei-me paralisada diante do trem, e não subi. Acredito, de coração, que não podemos mais prosseguir. Não consigo ser como outrora, e nada voltará a ser como antes.

Assim, encerro nosso relacionamento aqui e agora. Peço sinceras desculpas por qualquer transtorno que isso possa causar, mas desejo que compreenda que essa decisão me causa uma dor profunda, pois almejei, mais do que tudo, que nossa história fosse diferente. Não queria que o primeiro erro tivesse acontecido.

Algumas coisas podem, talvez, retornar ao que eram, mas outras jamais serão as mesmas. Espero que não guarde ressentimentos e que consiga me compreender. Saiba que tentei, verdadeiramente.

Desde o momento em que você se mostrou insensível enquanto eu estava convalescente, nossa história jamais foi a mesma. Desde então, estivemos em um constante esforço para consertar o que havia sido quebrado, mas sem sucesso.

Peço perdão se cometi alguma falha, mas não posso continuar. Sim, em alguns aspectos, ainda consigo seguir em frente, mas não de maneira plena.

Desejo-lhe tudo de melhor e que Deus o abençoe e guie sua vida. Contudo, rogo que siga seu próprio caminho e seja feliz, sem pra trás olhar. Da mesma forma, prometo que não o farei, pois preciso seguir adiante e não posso viver nessa constante insegurança, que tudo se alterava a cada dia. Lamentavelmente, você mudou tarde demais.

E agradeço por todos os momentos compartilhados, pois, em última análise, eles sempre farão parte da minha história.

Que Deus o abençoe abundantemente!"



Quando um relacionamento se desfaz, aquele que permaneceu leal opta pela solitude até que suas feridas emocionais cicatrizem, enquanto o outro rapidamente se lança em novos enlaces amorosos. Tal comportamento é explicado pela incapacidade de suportar a própria companhia, revelando uma profunda falta de amor próprio e imaturidade emocional. Este indivíduo vagueia em busca de preenchimento sentimental, incapaz de cultivar paciência e introspecção. Em sua jornada, acaba dilacerando corações alheios, pois sua fragilidade emocional o impede de enfrentar a solidão com dignidade. Por outro lado, o ser leal aguarda, em uma espera quase eterna, uma redenção ilusória que, tragicamente, nunca se concretizará.


segunda-feira, 15 de julho de 2024

Não-invencível

Série "Poesias e Devaneios", Nº 117

Em algum momento eu achei, que era invencível,
Mas eu nunca fui,
Nunca fui,
Invencível.

Na vida, curvas inesperadas,
Sonhos e desilusões entrelaçadas.
A família, porto seguro,
Luz em dias escuros.

Relacionamentos, laços frágeis,
Amores intensos, às vezes voláteis.
Nas quedas, aprendemos a levantar,
E a força verdadeira, em nós encontrar.

Nunca fui,
Invencível,
Mas na vulnerabilidade,
Descobri minha verdade.

Verdade crua
Em forma de ácido
Sentir o amargor
Escura luz

Mas eu nunca fui,
Nunca fui,
Invencível!

Em algum momento eu achei, que era invencível,
Mas eu nunca fui,
Nunca fui,
Invencível... Invencível?



"Na vulnerabilidade e fragilidade, encontrei minha verdade."



sexta-feira, 12 de julho de 2024

Nada se simplifica à toa

Série "Reflexões Pessoais", Nº 34

O ato de escrever, de amar, de querer ser algo, de respirar... são atos que carregam uma profundidade inexplorada. Escrever é mais do que apenas colocar palavras no papel; é um reflexo da alma, uma tentativa de traduzir o intraduzível. Amar é uma jornada complexa de entrega e descoberta, uma dança entre o eu e o outro. E querer ser algo, uma manifestação do desejo intrínseco de se encontrar e se definir em um mundo caótico. Até respirar, que parece tão simples e automático, é um testemunho constante de nossa luta pela vida.

Eu duvido que qualquer um consiga colocar todos os desejos e anseios em papel, e que saiba tudo que quer com absoluta clareza. É impossível abarcar a totalidade de nossos sentimentos e aspirações, pois somos seres em constante evolução. Queremos saber o que queremos na vida, mas frequentemente somos inaptos para discernir esses desejos profundos e genuínos. Quem somos e o que desejamos são questões que nos acompanham, e nossa identidade, embora em construção, muitas vezes parece obscurecida pelas incertezas do existir.

Nossa busca por sentido é incessante, mas a clareza nos escapa. Somos um conjunto de potencialidades e contradições, um nada que quer ser tudo e ao mesmo tempo se sente nada. A força que temos para ser algo está constantemente sendo testada e, às vezes, diminuída pelas pressões externas e internas. Na busca por identidade e propósito, enfrentamos uma batalha contínua contra a confusão e a indefinição.

Vivemos numa era onde a complexidade da vida nos desafia a encontrar simplicidade e clareza. Mas a verdade é que essa simplicidade aparente nunca é alcançada sem esforço. Cada ato que realizamos, cada decisão que tomamos, carrega consigo uma série de reflexões e incertezas. Assim, a jornada de autoconhecimento e realização é permeada por momentos de dúvida e introspecção, mas é essa luta que nos define e nos molda.

No final, somos seres em eterna construção, e é essa incompletude que nos impulsiona a continuar. O desejo de simplificar o que é complexo não é um ato de fraqueza, mas uma tentativa de encontrar sentido e propósito em um mundo que raramente oferece respostas claras.



A busca incessante por autoconhecimento e clareza é uma jornada complexa e contínua,
onde a simplicidade aparente nunca é alcançada sem esforço, refletindo a profundidade
de nossa existência em constante evolução.



quinta-feira, 4 de julho de 2024

Intensidade, havia!

Série "Poesias e Devaneios", Nº 116

Intensidade, havia, em meu olhar,
Era o que? Talvez nem sei expressar,
A chama ardia, sem cessar,
Impossível, em nós, de apagar.

Sinto tua falta, é real,
Segui meu caminho, sem olvidar,
Me abri com alguém, suposta fraude, a ser igual,
Mas em ti, sempre, sigo a indagar.

Em ti não esmoreci, é verdade,
Sem duvidas, ao meu lado, és presente,
Agora, palavras são vontade,
Desejo assim, me expressar novamente.

Se esta carta a ti chegar,
Meu pedido é claro.
Que voltes a falar,
A dividir o existir que lhe é raro.

Se partilha teu existir,
Mas és livre, tua escolha,
E não o desamparo,
Decisão de consentir.

Intensidade, talvez há,
Lembrança, pó e momento
Laço não desvanecerá,
Permanece o sentimento.

Intensidade, havia, em meu olhar,
Era o que? Talvez nem sei expressar,
A chama ardia, sem cessar,
Impossível, em nós, de apagar.


"Intenso olhar ardente, chama perpétua, vínculo inerrável."




terça-feira, 2 de julho de 2024

Carta: "Delusão Ébria"

Série "Cartas Perdidas", Nº 37

Rio Claro/SP, 07 de Março de 1997

Sim, sempre notei seu profundo ceticismo à minhas investidas tímidas, de forma ainda que subliminar. Sempre percebi o caminho inevitável que se tornou esse lugar. Essa maldita capital! Aquela cidade que simplesmente me tornou um enorme beco sem saída, tanto pessoal como profissional. Notei que a melancolia do asfalto quebrado e malcuidado dessas ruas não eram à toa, refletiam o céu, que estava praticamente da mesma cor das tão sofridas ruas e vielas triste desse pedaço esquecido de mundo.

“Mas com você era diferente!” Será?

Nunca foi nada além de ilusão atrás de ilusão... nossa grande e curta ilusão, ou poderia dizer só minha? Somente e unicamente a MINHA ilusão? Só uma visão à longo prazo de algo impossível? Seu sorriso era apenas idílico? Ou real? Ou uma mistura dos dois, uma mistura profana dos dois mundos que na verdade é um só?

É você, e sim, fantasiei demais.

Pra coroar esse enorme bolo com uma pequena cereja, fingi ser um grande piadista, fazendo gracejos, fingindo ser uma mistura de “Don Juan” com “Mark Darcy” em alguma comédia romântica idiota de baixo orçamento e bilheteria pior ainda de Holywood... Sim, resultados previsíveis, suas respostas vagas, prolixas, esquivantes e tão profundas como uma poça de água, são o mínimo esperado de uma paixão rápida esquentada em um micro-ondas em um final de semana qualquer, muito embora pra mim teria sido real, teria te amado assim com a mesma intensidade que os personagens idiotas do filme, mas na vida real, e de verdade, com força e intensidade!

Te amaria com todas as forças que escrevi nesse papel e te amaria com todas as forças que atravessei o país inteiro pra poder só te dar um "bom dia", o qual nunca pude te dar por pura distração minha".

Te amaria! Sem nenhuma dúvida!

Mas e quando vier falar comigo, serei enfático: “Me desculpe, não sei onde estava com a cabeça, acho que tinha bebido um pouco, te peço desculpas!”.




"Me desculpe, não sei onde estava com a cabeça, acho que
tinha bebido um pouco, te peço desculpas!”.

sábado, 29 de junho de 2024

Papel Queimado

Série "Poesias e Devaneios", Nº 115

Errado foi eu sequer ter lido
Quiçá escrito uma idiotice
Você nunca aqui esteve
Eu também nunca

Nem mesmo estive
Nem mesmo pensei
Sua mente
Como viajou assim como

A minha depois
Tão confusa tal qual tormenta
Me preocupei
Abusei e negligenciei

Você existiu
Como texto e fotografia
E fotogramas idiotas
Como algo idiota

Como tudo
Como foi
Um pequeno sorriso no fim
E um pequeno cigarro no final

A gente consome as cinzas da vida
E da vontade
O pequeno pedaço de papel virou cinza
Junto com o cigarro

Errado foi eu sequer ter lido!



451 graus Farenheit, ou 233 graus Celsius,
é a temperatura de combustão do papel comum.


sexta-feira, 28 de junho de 2024

Não-Invencível

Série "Poesias e Devaneios", Nº 114

Em algum momento eu achei que eu era invencível,
Mas eu nunca fui,
Nunca fui,
Invencível.

Na vida, curvas inesperadas,
Sonhos e desilusões entrelaçadas.
A família, porto seguro,
Luz em dias escuros.

Relacionamentos, laços frágeis,
Amores intensos, às vezes voláteis.
Nas quedas, aprendemos a levantar,
E a força verdadeira, em nós encontrar.

Nunca fui,
Invencível,
Mas na vulnerabilidade,
Descobri minha verdade.

Verdade crua
Em forma de ácido
Sentir o amargor
Escura luz

Mas eu nunca fui,
Nunca fui,
Invencível!

Em algum momento eu achei que eu era invencível,
Mas eu nunca fui,
Nunca fui,
Invencível... Invencível?



"O ocaso se reverterá pela manhã!"

segunda-feira, 24 de junho de 2024

Palavra Proibida

Série "Poesias e Devaneios", Nº 113

A palavra doce, envolvente,
Promessa que o coração inspira.
Mas muitas vezes, de repente,
Mostra-se apenas uma mentira.

No olhar que antes brilhava,
A ilusão se desfaz, é insano.
O que era antes, se apagava,
Deixando a dor do engano.

Beijos e abraços, quimeras,
Promessas ao vento, desencanto.
No fundo, são falsas esperas,
Isso tudo transformado, profano canto.

Espíritos que se entregam, iludidos,
Em busca de eterna alegria.
Mas se encontram desprotegidos,
Quando o ar, triste melodia.

Mas mesmo na dor que persiste,
A esperança nunca esmorece
Pois o verdadeiro disso existe,
Além da sombra nada floresce!

A palavra doce, envolvente,
Promessa que o coração inspira...





"O quão imensurável é a soma de suas palavras vis e mentirosas?
O quão imensurável é tua fome de combalir um espírito puro?"

 

quinta-feira, 20 de junho de 2024

Redenção

Série "Poesias e Devaneios", Nº 112

Espero a redenção, mas que não virá,
Não desta vez, destino já diz.
De mim, dentro, surgirá,
E buscarei, em silêncio, em busca feliz.

As sombras da espera não mais serão,
Luz interior guiará no cais.
Que antes era dado, agora é missão,
Redenção de dentro, enfim minha paz.

Caminho ermo, mas sem temor,
Pois sei que dentro, habita a verdade.
Sem custo não virá, e sem favor,
Só em mim encontro, a real liberdade.

Cada passo dado é uma conquista,
Cada erro, uma lição.
A redenção, persista,
No próprio ser a visão

Então, sigo horizonte,
Em busca da paz, prometi.
Redenção é chama, fonte,
E nela, finalmente, me redimi.

Espero a redenção, mas que não virá!


"Talvez a redenção tenha histórias pra contar. Talvez o perdão está onde você caiu.
 Pra onde você pode escapar de si mesmo?"

terça-feira, 18 de junho de 2024

Crônicas de laços desfeitos e refeitos

Série "Curtas", Nº 49

Se eu ousasse redigir um volume sobre minha existência, ele careceria de encanto. Pois nele não poderia narrar o que realmente se passava em minha vida. Contudo, seria imperdoável omitir certas extravagâncias vividas unicamente ao teu lado.

Ah, aquelas noites tumultuadas, nas quais eu, em arroubos de audácia, saltava pela janela, enquanto você aguardava minha chegada com ardente expectativa. Ao adentrar, teus braços me envolviam, teus lábios me beijavam. Assim se iniciavam nossas noites, repletas de paixão.

Que tempos memoráveis foram aqueles! Porém, lamentavelmente, tiveram um desfecho. Um término que se deu apenas superficialmente, pois o que verdadeiramente importa está perpetuado na memória e em nossos corações. As alegrias experimentadas, as loucuras cometidas com tão profundo amor.

Na verdade, não se findou, pois aquele nosso amor, tão maravilhoso enquanto perdurou, foi eternizado.

Por: J.R.Santana




"Turbulentas noites turbulentas eternizaram memórias indeléveis."

sexta-feira, 7 de junho de 2024

Amor Farisaico

Série "Poesias e Devaneios", Nº 111

Olhos, falso ouro reluz,
Mas coração, em sombras seduz.
Promessas doces, mel envenenado,
Amor farisaico, teatro ensaiado.

Sorriso plástico, palavras vazias,
Um abraço, uma teia
No palco da vida, atriz disfarçada,
Mentiras vestidas de brisa dourada.

Beijo gelado, carícias de gelo
Num mundo de farsa, mora o desvelo.
Olhar que mente, o toque que trai,
No véu do engano, verdade se vai.

Amor farisaico, um laço apertado,
Corrente invisível, um elo quebrado.
Coração que derrete, alma em rancor,
Teatro do amor, falso sem pudor.

Mas a luz do dia, tudo revela,
Máscara cai, verdade apela.
Momento se foi, na mentira se perde,
E a alma, cansada, em silêncio, se ergue.

Ergue-se firme, busca o real,
Além da ilusão, ardor infernal.
Esperança vã, asco verdadeiro,
Que floresça puro, além do nevoeiro.

Olhos, falso ouro reluz,
Mas coração, em sombras seduz.
Promessas doces, mel envenenado,
Amor farisaico, teatro ensaiado.

"Amor farisaico, promessas venenosas;
mentiras desveladas, corações dilacerados"




segunda-feira, 27 de maio de 2024

Toda culpa é energia estagnada

Série "Poesias e Devaneios", Nº 110

Toda culpa é energia estagnada:
Não muda o passado e não molda o futuro

Culpa, sombra que não cede,
Energia presa em corrente,
Não altera o que já se foi,
Nem o que o amanhã pressente.

Desperdício de alma e mente,
Apegada ao passado sombrio,
Não temos tempo a perder,
Na prisão do arrependimento frio.

A vida é chama ardente,
Um fluxo constante a seguir,
Culpa é peso, fardo imenso,
Que impede a alma de evoluir.

Deixe-a ir, liberte-se agora,
Abrace o instante presente,
O passado é página virada,
O futuro, um livro eloquente.

Vivamos com plenitude,
Sem amarras do ontem a temer,
Cada segundo é precioso,
Um convite eterno a viver.

Toda culpa é energia estagnada:
Não muda o passado e não molda o futuro
Toda culpa é desperdício,
E não tempos tempo para desperdiçar!

Temos que viver!


"As convicções são inimigas mais perigosas
da verdade do que as mentiras."


domingo, 26 de maio de 2024

Mecânica Celeste Aplicada

Série "Poesias e Devaneios", Nº 109

O Sol vê tudo
Mas não conhece o amor
De uma garota
Que tem o dom de deslocar assim
A Lua de Netuno no ar

E quando a noite vem
E traz consigo a dor
O Sol se apaga
E só um sonho a faz lembrar que
A noite sempre vai ter fim

E eu aposto que ele nem sabe
Onde fica Erechim
E não sabe o que é
Sofrer de amor

Mas se é assim
Ele está condenado a vagar
Por lugares sem luar
Sem luar

Se essa cidade
Te faz querer voltar
E se é saudade
O que te leva para lá
É só sonhar que está em seu lugar

A pior coisa
Que Platão já inventou
Foi o amor
Que só traz solidão

Mas ela vai reencontrar
O chimarrão e a amizade
Num solstício de verão
De verão
De verão...

Por Vinicius Gageiro Marques (Yoñlu) - EM MEMÓRIA



"Uma sociedade onde sequer uma lágrima é derramada já é mais
médio do que a mente pode conhecer."
Yoñlu





sábado, 11 de maio de 2024

De Manhã, Tudo Acaba!

Série "Poesias e Devaneios", Nº 108

Pela manhã, chega!
Luz, fim da história,
Consigo, separação esperada,
Sempre sei, terminar, sei que vai terminar.

O ciclo inexorável se esvai,
Como um rio, falta de amor esvai,
Os sonhos desvanecem, as palavras se calam,
E o adeus ecoa no silêncio do peito.

Cada amanhecer é um lento desapego,
Um romper de laços e de promessas,
Mas também é o início de uma nova jornada,
O renascimento de almas, livres de amarras.

E assim seguimos, fim e recomeço,
Sonora dança, do sabor despedida,
Sabendo alvorecer, que seja um lembrete,
De que tudo um dia, desfazer despedida.

Pela manhã, chega!
Luz, fim da história,
Consigo, separação esperada,
Sempre sei, terminar, sei que vai terminar.


Nossas emoções tomaram novos caminhos,
O sentimento que uma vez existiu agora se
esvai em sombras distantes.


domingo, 5 de maio de 2024

Diana no Espaço

Série "Poesias e Devaneios", Nº 107

Vazio silente, no cosmos ela desliza, 
Solitária sonda, além da Terra e da Lua,
Entre astros distantes, sua jornada desliza, 
Experimentando a solidão, no espaço flutua.

Longe de companhia, navega, 
Silêncio absoluto, frio criogênico,  
Contemplando a beleza que o universo carrega,
Lua e Terra, visão que extasia.

Cenário deslumbrante, espaço infinito, 
Dança entre estrelas, em sua jornada, 
Experimentando o silêncio, o frio, o mito,
Mas também a poesia que a alma embala.

Brilho da Lua, azul Terra distante, 
Encontra a beleza que transcende a dor, 
Numa dança cósmica, num ballet constante, 
Solidão e a poesia que o espaço traz em flor.

Assim a sonda, segue destino, 
Testemunha silente do universo a brilhar, 
Vastidão do espaço, um pequeno hino, 
À beleza extrema, ninguém pode apagar.

Vazio silente, no cosmos ela desliza, 
Solitária sonda, além da Terra e da Lua,
Entre astros distantes, sua jornada desliza, 
Experimentando a solidão, no espaço flutua!




Artemis 1

sexta-feira, 26 de abril de 2024

Árvores falsas de plástico

Série "Poesias e Devaneios", Nº 106

Num mundo plástico e frágil, sem razão, 
Um regador verde em mãos, de ação, 
Regando uma planta, não floresce, 
Na ilusão que a mente oferece!

A cidade dos planos quebradiços,
Ela busca escapar dos seus vícios, 
Mas a fuga só a faz mais se perder, 
Neste labirinto sem fim, a sofrer.

Com um homem de poliestireno em desalento, 
Ele é apenas um eco do tempo, lamento, 
Passado de promessas vazias, 
Em um presente de ilusões frias.

Parece real, mas é só fachada, 
Um amor de plástico em jornada, 
Verdade é que dói, consome, 
Ela busca algo que a nome.

A dor cresce como um vulcão, 
Num ciclo de busca em vão, 
Entre o plástico e a ilusão,
Ela se perde na contramão.

Pudesse ser quem busca, quem sonha, 
Ela encontraria a verdade que ronha,
Mas presa na teia que ela mesma tece, 
Perde-se em falsas promessas e prece.

Tempo passa e a angústia se avoluma, 
Numa busca que a alma consome e pluma, 
Entre o plástico e a borracha, ela dança, 
Dança triste, sem esperança.

Num mundo plástico e frágil, sem razão, 
Um regador verde em mãos, de ação, 
Regando uma planta, não floresce, 
Na ilusão que a mente oferece!

Por Thom Yorke



"Ela parece com algo real, mas a gravidade sempre vence!"

sábado, 13 de abril de 2024

Além da Dualidade: O Jardim da Alma

Série "Poesias e Devaneios", Nº 105

Além do Bem e do Mal, navegar,
A Alma, o segredo desvendar.
Do mal, o bem arrancar, enfim,
Coração, sem fim, regue o jardim.

No bem, o mal se esconde, a espreitar,
Nas sombras da luz, a conspirar.
Mas com coragem, sem hesitar,
Do bem, o mal expulsar, libertar.

Crenças se tecem na mente a voar,
Desejos e medos a ecoar.
Na calma do ser, a verdade encontrar,
No não querer, a liberdade se alinhar.

Não desejar, não exigir, nem esperar,
Serenidade do ser, se ancorar.
Firme na jornada, mesmo em desatino,
No centro do caos, encontrar o destino.

Assim, além do bem e do mal, seguir,
Essência da alma, florescer, sorrir.
Sem despedaçar, afundar ou ruir,
Na força do ser, o universo fluir.

Além do Bem e do Mal, navegar,
A Alma, o segredo desvendar.
Do mal, o bem arrancar, enfim,
Coração, sem fim, regue o jardim.


"Temos que trabalhar interiormente no sentido de aceitar a realidade, 
ainda que está seja dolorosa."



segunda-feira, 8 de abril de 2024

Em Silêncio

Série "Poesias e Devaneios", Nº 104

Na calada da noite, escolho amar-te,
No silêncio, sem palavras, sem alarde.
Nesse mutismo, não há espaço para recusa,
Apenas eu e meu amor, num gesto audaz.

Na solidão das horas, meu coração te busca,
Entre as sombras, nossos destinos se entrelaçam.
Sob o manto da noite, onde ninguém nos vê,
Sussurro meu amor por ti, ao luar que reluz.

Prefiro a distância, um abismo entre nós,
Protegendo-me das dores, dos desgostos.
Entre milhas e milhas, meu afeto perdura,
Um vínculo etéreo, que nem o tempo apura.

Beijo-te no vento, numa carícia passageira,
Deixo meus desejos serem levados pelo ar.
Que eles encontrem teus lábios, onde estejas,
E te recordem do amor que sempre irá perdurar.

Nos meus sonhos, és a musa que inspira,
O eterno enredo de um romance sem fim.
Em abraços oníricos, nosso amor se eterniza,
Em um cenário intemporal, onde tudo é enfim.

Na calada da noite, escolho amar-te,
No silêncio, sem palavras, sem alarde.
Nesse mutismo, não há espaço para recusa,
Apenas eu e meu amor, num gesto audaz. 


Em frente seguir
Não teme arriscar
A semente, plantar
Vida intensa, voar!