"Cartas Perdidas", Nº 16
São Borja/RS - 04 de Abril de 1998
Não lembro o que escrevi anteriormente, peguei o papel, depois que li e reli, rasguei-o.
Estava, uma droga, um lixo. Texto imbecil.
Pra falar a verdade eu escrevi com algum propósito escuso.
Estamos de certa forma correndo e ficando no mesmo lugar, mas estamos
equivocados, na verdade só eu estou, extremamente equivocado sobre muita coisa.
Eu continuei escrevendo e continuei falando muitas coisas
que eu não devia, mas não me importei de fazer papel de bobo, alias é o que eu
tenho feito com muita frequência, desde que resolvi começar a te enviar textos
bobos, independente das distâncias, elas podem ser grandes, mas se tornam
pequenas diante dos meus pensamentos.
Não adianta eu falar nada, pois você ser tornou profissional
na arte de desviar assuntos importantes e redirecionar pra assuntos imbecis e
bobos, a gente fala sobre filmes, sobre músicas, sobre livros, sobre astronomia
e as órbitas dos planetas distantes, mas infelizmente você tende a querer
distanciar a órbita de eu e você, somos dois corpos celestes que por órbita
perfeita nunca se encontram.
E ainda ontem falei sobre fatos e casos com outras pessoas,
você acaba vindo em mente a torna o escopo dos meus assuntos, sempre, e isso é
direto, isso está me cansando. Estou ficando cansado a medida do que eu falo
sobre algo que é imbecil e tanso eu ficar comentando toda hora.
Você não é real, não é real em mim
“...não haveriam planos, nem vontades, nem ciúmes, nem coração magoado...não haveria desejo, nem o medo da solidão
...não haveria saudade, nem o meu pensamento o tempo todo em você"