quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Gitana, Añoranza!

Série "Poesias e Devaneios", Nº 71

Tu palabra formame
Tu sonrisa tómame
Arrestame, no me dejes ir
Y no quiero que te vayas

Gitana mi amor
Gitana, mi paz
Gitana, mi dulce
Gitana, Añoranza!

Te has ido
Lo dejo ir
No pude parar
De que te vayas

Mañana temprano
Después de que el sol
Sonríe al mundo
Lloraré del otro lado

Arrestame, no me dejes ir
Y no quiero que te vayas
Gitana, mi dulce
Gitana, Añoranza!


Es un amor tan grande
De aquel amor que yo tenía, lo guardaba
Es como un final y volver ayer






terça-feira, 23 de novembro de 2021

Sorriso Indireto

Série "Poesias e Devaneios", Nº 70


Indiretamente
Te vi, mas não te vi
Eu fingi não te ver

Te vi por um frame
Um lapso ou um segundo
Mas eu estava

Estava lá, pra te ver
Um lapso ou um segundo
Um frame, mas eu estava

Era um sorriso
Você nem sorriu
Era um olhar
E você nem olhou

Era você, real como o vento
Como a chuva que cai
Era você, real como você
Como só você seria de fato

Só você seria assim
Na fotografia é uma coisa
Na realidade é outra coisa
Você respira a cada segundo

Indiretamente
Te vi, mas não te vi
Eu fingi não te ver

"Sei que o meu coração pediria duas vezes você"



quarta-feira, 10 de novembro de 2021

Nem sempre será assim

Série "Reflexões Pessoais", Nº 58 


Penso na dor dos amores perdidos. E penso numa fábula oriental. Mais ou menos assim: um rei pede ao homem mais sábio do reino que lhe escreva num papelzinho palavras para ler num momento de extrema aflição, um conforto da adversidade. O sábio cumpre a tarefa. Não muito tempo depois, o reino é invadido. O rei, sem saída, foge. Perdera tudo: poder, dinheiro, relevância. Ele então recorre ao bilhete do sábio. Ali está dito: “Nem sempre será assim”. O rei caído consegue, aos poucos, rearrumar suas forças. Retoma seu reino. E encontra o sábio. Ouve, agora no fausto reconquistado, no poder recuperado, mais uma vez a sentença:

“Nem sempre será assim”.

A frase resume o perpétuo vai-e-vém das elevações e quedas, a inconstância da sorte, a fugacidade de tudo que acontece sob o sol. Todo homem arrasado pelo final de um amor deveria ter no bolso um papelzinho com a advertência do sábio oriental. O sofrimento aparentemente insuportável vai desaparecer. O que parecia ser um inverno eterno dentro de nós receberá a visita redentora do sol que avisa que o verão ou já chegou ou está aí. A tristeza que estávamos certos de ser imortal revela-se frágil e é batida por uma lufada cálida de alegria.

"Rebrilham neles lembranças dos amores esquecidos"




segunda-feira, 1 de novembro de 2021

Afinal, o quão melhor era a vida nos anos 90? Onde a internet entra nisso?

Série "Reflexões Pessoais", Nº 57


A vida nos anos 90 era melhor, a resposta rápida é essa. Bem melhor. Opinião obviamente pessoal.

Eu me refiro à vida social, à nossa existência como indivíduos. Sei que parece uma insanidade dizer isso, na época de nossas famigeradas "redes sociais", mas, em realidade, não é. Por quê? Ora, porque a perfeição está na imperfeição. Amor não é idealizar, mas elevar a própria imperfeição em si ao status de perfeição. E no que isto tem a ver com a minha afirmação inicial? Em um bocado de coisa.

A satisfação da internet não está no agora, mas lá no seu início e popularização. A internet era algo excitante até final da década passada. Depois, tornou-se algo invisível. A sua então excepcionalidade foi totalmente incorporada à nossa normalidade. Hoje em dia, a internet é quase como água e luz, algo invisível, que sequer notamos. A única revolução chama-se smartphone. Mas ele não é exatamente novo (foi em 2007 que a Apple lançou o que nós entendemos hoje pelo vocábulo). A verdadeira explosão de novidades se deu nos anos 90.

A nossa felicidade com uma tecnologia está quando ela se encontra no início para meados da sua popularização. Entrar na internet era algo genuinamente excitante nos anos 90 e começo dos 2000. Aí, veio a internet de banda larga e o serviço tornou-se irrelevante. Antigamente, os pacotes de velocidade eram extremamente importantes. Hoje? Quase que irrelevantes. Apenas notem as diferenças de preços entre os pacotes, onde o dobro de velocidade custa apenas uns 10 ou 15% a mais.

Isto é um indicativo mais do que suficiente de que a internet como tecnologia revolucionária desapareceu, ela se tornou o ar que respiramos. E o mesmo vale para o tempo das mercearias. O que sustenta a nossa excitação por algo é a dificuldade de consegui-la. Retire totalmente o obstáculo e o ímpeto por X eventualmente também se esvai consigo. O resultado dos avanços tecnológicos é que estamos mais entediados hoje do que nunca. Éramos felizes quando ainda contemplávamos o porvir, e não quando ele por fim chegou.

Quando contemplamos algo, nos permitimos sonhar com as suas (desconhecidas) possibilidades. Uma vez sabendo de diversos prós e contras de uma coisa plenamente desenvolvida, tudo obviamente muda. Nada nos escravizou mais do que a dobradinha internet + smartphone. Somente o que as redes sociais nos fazem de negativo é qualquer coisa de assombroso. 

Os melhores tempos já passaram. Acabou!


UOL, 22 de julho de 1997