"Poesias e Devaneios", Nº 100
Escorri o tempo pelos meus dedos!
Perdi muita coisa!As moscas que passaram na lâmpada...
No relógio da vida, vejo o ponteiro dançar,
Lamentação silenciosa, como folhas a tombar,
Na dança efêmera dos dias que foram perdidos.
No alvorecer da juventude, sonhos a florescer,
Mas o tempo implacável fez-se senhor do destino.
Entre risos e lágrimas, vi o passado fenecer, morrer
E a saudade teceu um manto, lúgubre e divino.
As horas corriam velozes, como rios a fluir,
E eu, espectador solitário, a ver o tempo partir.
Nas rugas do espelho, reflexo a envelhecer,
Lembranças ecoam, como ecos a ressoar a existir.
Ah, como anseio pelo retorno de momentos idos,
Quando a vida pulsava em compasso vibrante.
Hoje, contemplo o crepúsculo dos sonhos já idos,
No lamento das horas, no eco do passado distante.
Agora, diante do ocaso, deixo o tempo deslizar,
Entre dedos calejados, como grãos de areia a escoar.
Lamentação serena, no peito a ecoar o suspirar,
No silêncio da alma, o eco do tempo a se dissipar.
Perdi muita coisa!
Escorri o tempo pelos meus dedos...